Para a recordação do sofá

Quando o silêncio me rodeia

A lembrança desaba a soterrar

Pesado corpo oculto no peito vaga

Me falta os apertos encaracolados

E seu silencioso olhar

Eu que imaginava tanto

Levado pelo seu maravilhoso manto

Cobertor de meus insanos desejos

Descobria em meu analisar

Que não imaginava te perder

Deitados no tempo parado

O verbo era te olhar

Poesia te ver cair no sono

Música sentir seu acordar

Hoje eu vivo indagando

O que foi mais triste e insano

Perder por razão de medo

Salgado fardo de te desejar tanto

No sol da sua presença

Que a água levada a outro recanto

Trazia a ira a meu imaginar

Então desculpas não conseguem

Contra corrente de meus erros

Nadar e te beijar a alma

Mas em minhas lembranças

Sejam da ínfima dor

Ao entrelaçado mágico momento

Guardam em meus pensamentos

No apertadinho sofá

Nossos rostos presos em uma infinidade do olhar.