Como descobrimos a verdade sobre as amizades
Sobre nosso "amigo em comum" - que você conhece melhor do que eu. Ele foi um amigo muito querido por mim, mas hoje a gente nem se fala. Ele, acho, era impressionado comigo por algum motivo e me escreveu isso - que eu era maravilhosa, inteligente etc. e que era uma felicidade ter encontrado alguém como eu.
Eu estava numa fase bem difícil de minha vida ele era super atencioso - me achava inteligentíssima (sempre me dizia isso).
Bom, eu me deixei impressionar um tempo, gostava de receber a atenção dele. Ele sempre me tocava quando falava comigo, segurava meu braço, colocava as mãos nas minhas costas. Eu nunca vi mal nisso, pra mim era uma amizade linda.
Ele sempre me convidava para participar de um grupo reflexivo que liderava. Em 2016 eu fui. E comecei a participar.
Lá conheci uma mulher - doutora em medicina - que começou a ir uma semana antes de mim. Ficamos amigas.
Ela é bem observadora e a medida que nossa amizade avançava começamos a falar mais profundidades e interioridades. Ela achava que ele era apaixonado por mim e chegou achar que eu era por ele. Porque ela me lia (meus textos) e via que tinha alguém ali em meus poemas. Também jogava tarô as escondidas de mim e me disse que as cartas sempre falavam de uma mulher (eu em todo meu amor e paixão) e de um homem que me amava com igual amor e paixão.
Nós, como grupo reflexivo, nos reuníamos na casa dela aos sábados. Ele, ela, eu e outros rapazes e mulheres do grupo. Cozinhávamos juntos, almoçávamos, passávamos o dia juntos. Era lindo. Eu amava, me sentia bem. Para mim era uma família.
Até que ela começou a falar comigo sobre achar que havia algo entre eu e ele. Para ela o homem dos meus textos e o homem que as cartas falavam eram o mesmo e eram ela. Não havia nada, mas a forma como ele me admirava e me tratava fazia ela pensar isso e ela insistia nisso. Então, um dia, armada de coragem, contei de ti. Não tudo. Falei que era você nos meus textos. Foi quando a convenci a te ler e associar aos meus escritos. Então ela viu você em mim. Também a trouxe aqui. Eu mesma criei sua página e a ajudei a postar as primeiras poesias. Ela te visitou, comentou texto teu e você chegou a comentar texto dela sem saber.
Então, um dia ela voltou ao tema de "nosso amigo". Ela me disse que talvez ele estava me usando - tipo, me dava atenção e eu ajudava ele em tudo. Revisava artigos, ajudava com as coisas dele. Foi quando eu comecei a perceber isso. E nossa amiga Rosa também sempre me dizia isso. Que eu era explorada neste sentido.
Ele vinha muito aqui em casa. Quase que toda semana. Mas, quando aconteceu tudo que aconteceu comigo e eu comecei a parar de ajudar os outros - eu comecei a perder os amigos. Entre eles, ele.
Também comecei a ver um outro lado - quando a ética dita não é a ética vivida. Isso é morte para mim. Mentiras, inverdades, manipulação e falta de ética são coisas que abomino. Com as percepções se aguçando e o reconhecimento de meu valor instrumental nesta amizade eu não ajudei mais ele e ele não veio mais, não falou mais comigo. Se afastou... É assim que a gente descobre as falsas e as amizades verdadeiras... Com muita dor.
É isso! Entendes?