Cordinhas do meu coração
É um texto, que exige contexto, pois é uma continuação, do sentimento eterno das muitas que virão. Aqueles que me dirijo, não exijo nem amor, nem atenção, somente compreensão.
Tivemos nova primavera após assombrosos acontecimentos, é um ano do plano mundano, é um mundo humano que segue mesmo sem aqueles que nos provoca saudades.
O tempo sempre foi cruel com os mortos, proporcionalmente com o que faz com os vivos, até no momento de nos castigar, ele é justo a todos. A minha sentença? Condenado a lembrar e condenado a esquecer. Lembro dos fatos e ocorridos, mas esqueço logo mais os detalhes.
Não me lembro de vossos olhos, somente aqueles vividos azuis safira, tenho esquecido suas vozes, sendo as mais presentes dos que tinham a coragem de cantar. Dos toques suaves e grosseiros, dos seus cheiros, dos seus sorrisos. O tempo é cruel e sua concepção de cura é distorcido.
O tempo não cura, ele resignifica os sentimentos, até os amargos. Vocês estão no vale da estranheza da minha mente, tenho medo de esquecê-los por completo, mesmo que o luto seja eterno. Suprimo a cratera deixada, agora com o tamanho exato de Deus, sendo órgão do meu coração que traz sinfonia com as cordas de ouro.
Alguns diálogos com o divino, singelos e pacíficos, me surpreendem como Ele vence, enquanto afio minha espada, maior que meu próprio ego, o Senhor realiza vitórias sem nem mesmo portar uma espada ou bainha, enquanto derrubo inimigo atrás de inimigo, Ele move montanhas por um caminho incorruptível.
Aos nossos tempos em que foi profetizado o nome que me foi dado, não como Violinista Maldito, mas "A sentinela que habita a fortaleza", eu protejo o castelo, vigio e executo a todos.
Uma questão, será que me responderiam? Mesmo que indiretamente:
Tenho sangue nas mãos, de calos e de inimigos, mais que alguns, menos que outros dentre nós. Deus ainda me acolhe sabendo do pecador que eu sou?
É retórica a pergunta, mas gostaria de alcançar os corações de vocês e obter uma resposta pessoal. Por fim, restam saudades e amores, ainda amo cada um de vocês na pessoalidade e intimidade. Mantive minhas promessas, até as feitas em leitos e caixões.
Humanamente é impossível enviar essa carta, restando subir como incenso suave ao olfato daqueles que sintam o cheiro. Independentemente de respostas, eu ainda estou aqui, espero e oro, que estejam também aí. A saudade é grande, mas não é eterna, verei vocês novamente, um dia, irei sim.