Sereníssima

Sou apenas uma réplica do sedutor Johanes, uma espécie de Don Juan sertanejo, um Cyrano platonicamente apaixonado pela tua imagem, por tuas formas.

Porém antes que me julgue um louco, te digo que escrevo essa confidência gozando de minha plena lucidez, impulsionado apenas pelo mais altivo ímpeto da minha libido.

Criando hipérboles, tentando quantificar o imensurável, uma beleza tamanha que mal meus olhos podem capturar.

Perdem-se no espaço, tempo; imagens viram músicas confundindo meus sentidos. As musas causam sempre esse efeito devastador, são inatingíveis.

Admirar-te é estar diante dos mais geniais mestres: Michelangelo, Miró, da Vinci.

Diante a perfeição feminina, tudo em você é beleza, juventude, sua alegria é um misto de felicidade e agonia. Seu riso é meu alfa, mas logo me joga no abismo das suas covinhas.

Tornando-me impertinente, por almejar o imperscrutável: “um anjo”.

Profanidade, um dilema ao qual me sinto acorrentado, aprisionado pelos meus sentidos, pelos meus sentimentos.

É impossível compreender ou explicar o porquê de cada gesto seu ser tão arrebatador, sua beleza ser tão fascinante.

Já julguei ser de pedra meu coração calejado, sem que por um só segundo imaginasse encontrar esse encanto, emoliente, anulante, como se apenas uma pudesse existir. E no restante do mundo as mulheres fossem sombras imperfeitas da sua excelência.

Meu pensamento e meu punho jamais se cansariam de procurar adjetivos, e certamente eu o faria até o final dos tempos, eloqüente e embevecido por ti Deusa.

Mas sei que seria em vão, e sem querer que se canses de mim, espero que as noites engulam os dias, e as primaveras tragam verões, fazendo correr os ponteiros do relógio. Pois dizem que o tempo é remédio amargo, e não a mal que ele não cure.

Pois que venha o tempo e me cure dessa febre de você, e permaneça imaculado esse amor no mundo das idéias.