Oi, minha alma gêmea. Vamos conversar?

Deixa-me dizer que está tudo bem!

Está tudo bem se de vez em quando você olhar as estrelas e, cabeça nas nuvens tropeçar e cair.

Te conhecendo como alma gêmea que somos, sei que cada tropeço servirá para, ainda mais aguerrida, prosseguires com determinação, força de vontade e alegria.

Atravessamos o tempo e juntas aprendemos (ou não), a nunca desistir sem antes tentar, tentar e tentar. Na verdade, atravessamos o século. Poxa! Quantas histórias!

Eu continuo acanhada com algumas palavras, porém vou deixar a vergonha para a próxima vida e te afirmar em letras grandes e garrafais o quanto te acho FODÁSTICA! É que, dia desses vi essa palavra e te vestiu bem direitinho. Porque você é! Superou seus limites, ultrapassou expectativas e não se deixou corromper ou amargurar-se por algo que não estava sob o seu controle. Aliás, sua filosofia atual é: se não pode mudar, não gaste energia à toa; se não acrescentar, não diminua.

Ah! mas não se antecipe em mudar, senão teríamos um problema bem sério sobre tempo-espaço e agora não estaríamos nessa conversa meio surreal. Sei muito sobre ti. Bem sei já imaginas um tanto sobre mim. Fomos forjadas no aço e nas flores.

Você é mulher e por excelência uma guerreira. Você é taurina e, consequentemente, teimosia é a sua valentia. Você é família, amiga, leal. É daquelas pessoas desapegadas e vai chegar até aqui assim, absolutamente despreocupada com algo que não seja sua consciência tranquila. O lema insofismável que vai te seguir até mim: Eu fiz o que achei correto e estou em paz.

Nem sempre serás compreendida, nem sempre terás companhia ou uma mão para segurar. Vai te faltar colo, irão te largar no meio da tempestade e em alguns momentos irás chorar. Não desanime nem se distraia. Está tudo bem!

Aliás essa frase sempre estará contigo.

Deixa-me contar as novidades! Notícias alvissareiras, outras nem tanto!

Estamos reorganizando a vida de uma forma que só Jesus na causa! Há pouco tempo um vírus parou o mundo. A tão sonhada liberdade ficou de asas quebradas, o que se pensava importante e que movia o planeta, causando uma corrida desenfreada em busca do TER foi ameaçado. Um belo dia, a vida parou! O botão STOP foi acionado e ainda que os milhões de gênios desejassem não conseguiram clicar no DELETE ou apertar o START. O PLAY travou e deu GAME OVER na vida. As tarefas cotidianas drasticamente tomaram outro rumo. O mundo vestiu preto, o medo se instalou no olhar e a incerteza pairava na vida nos levando a poesia. Fomos tolhidos e recolhidos ao nosso habitat mais primário e que mal e mal apreciávamos, a nossa casa. De repente, o convívio familiar tornou-se um desafio e a irrequieta vida vestia-se de monotonia com jeito de morte. E vieram as crises, os divórcios, as ansiedades. E aconteceram as chamadas de vídeo, as selfies, as lives. A vida tecnológica preenchendo os espaços vazios. As máscaras, os looks, as marcas, a exploração se sobrepondo às necessidades. Vertiginosamente a vida era puxada pelas estatísticas. O planeta agonizava e a nossa democracia também, estertorava ancorada em preconceitos, posições obsoletas e vergonhosas sob a égide da intolerância e das convicções fanáticas.

Minha querida alma gêmea, bem a sabes o quanto é doloroso ver uma democracia agonizar. O não saber traz alento, estar de olhos abertos sangra. Como bem me conheces, nisso sou boa de briga. Defendi meus princípios.

Passar por isso nos fortaleceu, hoje tempos melhores nos abraçam.

Ufa! Rufem os tambores da senhora liberdade!

Você se espantaria com as mudanças e modo de vida de agora. Nada de conversas nas calçadas, aliás nada de conversas muitas vezes em lugar nenhum. Também tem muita coisa boa acontecendo. Os smartphones, o kindle (perfeito para suas andanças pois cabem um milhão de livros), os notebooks, as TVs imensas e de tela infinita. E as câmeras digitais? Minhas preferidas! Enfim...só vendo para acreditar. Quem sabe um dia te conto tim tim por tim tim.

E por falar em câmera, de vez em quando sinto saudade do seu tempo, então revisito meus álbuns de fotografia (ainda os tenho) e como bálsamo encontro o teu sorriso largo, sorriso radiante de boas-vindas para a vida.

Posso te contar um segredo? Ainda gosto de sorrir para a foto. E tenho o prazer de saber que esse sorriso vai nos acompanhar até aqui.

Posso antecipar que apesar das desilusões terás força de vontade suficiente para superar as adversidades? Estas surgirão, com certeza! Inevitável! Aprenderás tanta coisa importante! Uma delas é quão útil e necessário dizer NÃO de vez em quando, ainda que tarefa difícil.

Desaprenderás muito para que o novo te torne uma pessoa melhor.

Não se distraia com a pequenez da vida ou de alguém, viva, viva da melhor forma, viaje (e isso nem preciso te dizer o quanto serás uma viajante nesse mundão de Deus), continue a escrever do jeito que você gosta e sabe. Você vai escrever tanto e por tantos motivos que isso se tornará mais do que um hábito, uma necessidade. Por fim ria, ria bastante, de ti e de alguns fatos. Ria até que tenhas os olhos rasos d’água. Sabes que , de vez em quando, és uma pandega. Tanto que acontecerão resenhas somente possíveis a pessoas como você de coração leve e alma de menina traquina.

Já te contei que tens um tesouro? Pois sim, dois filhos e a neta mais linda e amada que alguém pode desejar.

Sem Spoiler, né Fátima? Chega, não vou te adiantar mais nada!

Só uma última coisinha: você vai chegar aqui sim, do seu modo, sem desejar ser ninguém mais além de você mesma.

E...

Eu não sei você, mas ...

Eu te amo minha alma gêmea! Infinitamente te amo!

Um abraço de saudade me aquece agora.

Natal, junho2023

FM

P.S. Lembra de como gostávamos de ser chamada? E esse é apenas um segredo nosso