Despedida de você
Falei de pessoas, animais e objetos,
Mas me faltou falar em você.
Escrevi do passado, presente e futuro,
Mas por mais que seja duro,
Não me ocorreu descrever você.
Pensei em escrever um poema para me despedir desta história, mas findou sendo outra coisa. Tenho pensado há alguns dias sobre nossa relação, o envolvimento que tivemos, de pouca intensidade pelo seu modo morno de ser. Sabe que por muito tempo o senti superior a mim? Sempre o achei equilibrado, racional, de comportamento exemplar, sem excessos ou vergonhas, mas com o tempo fui notando que na verdade era apenas uma ausência de reação à vida como um todo.
Eu sinto muito, acredita? Não fui a melhor versão de mim enquanto estive com você, e sei que você também não foi sua melhor versão para mim, pois acredito, genuinamente, que ambos temos potencial de sermos seres humanos melhores.
O cotidiano é complicado... Não sei para você, afinal não tivemos essa conversa, mas é muito difícil se ver novamente "sozinho", se "enxergar" novamente sem "o outro".
Eu me sentia sozinha, você não foi o companheiro que eu desejava, mas foi de alguma forma meu companheiro, compreende? Faltou com cuidado e consideração com muita coisa, mas também com outras esteve presente.
É ainda estranho olhar para a vida sem a presença de alguém, sem os planos conjuntos, ou até mesmo pela ausência corporal de alguém num mesmo espaço, num mesmo cômodo, por tempo indeterminado.
Eu tenho gostado de ficar um tempo sozinha atualmente, acredita? E saio bem menos, e bebo menos ainda.
Eu tenho sido algo mais próximo do que você gostaria que eu fosse.
Eu tenho sido algo mais próximo do que eu tenho gostado mais de ser.
Escrevi esse texto para finalmente me despedir do que vivemos, do que tivemos, e principalmente do que não pudemos ter, mas eu um dia enxerguei que poderíamos.
Adeus, Marcos.