Palavra-cruzada

Acho que foi o sono quem me perdeu. Acho que foi. Tava pensando se mandava isso ou não, a minha lixeira já cansou de abocanhar os papéis amassados, do que eu tentei e não foi.

Parece que tem algo entalado, sabe? Parece que tem um assunto por aí, pendente. Queria só, só que fosse tudo como era antes de novo.

Eu tava comendo um pão com manteiga. Pão com manteiga e café, e aí me bateu uma coisa tão ruim, vê só. Vê só se entende. Tive que engolir e ir pro trabalho. Tive que continuar. É assim.

Você faz falta, sabia? Faz muita. Quando ousar pensar que não, lembre que aquela palavra-cruzada que você deixou, fiz quase nada ainda. Vaziazinha. Não tive coragem. Essa vai ser minha desculpa pra te escrever agora. Respostas. Com você fora, elas tem sido material ausente. Demais.

Como você era boa nisso, eu não podia piscar que você matava um bicho desse inteirinho. Eu cheirando seu cabelo, fazendo cafuné, você deitada no meu colo tentando lembrar sei lá que cidadezinha da Itália com 6 letras. E eu tenho pra mim que o meu cafuné era o que fazia os neurônios saltarem, que fazia você lembrar de tudo. Aposto.

Pois bem, vou deixar de conversar besteira e ir logo pro que interessa, questão de honra, e eu juro que eu não vou olhar na parte de trás, vou roubar não, eu prometo. Aí perde a graça.

"Solo de ópera" na horizontal

Com 4 letras.

Vou ter que ir agora, mas vou olhar o correio todos os dias. Promete que responde? Abraço.

Do amigo que te ama.