CARTA DO DIABO PARA A HUMANIDADE

Maldita Humanidade,

Peço a você que pare imediatamente de me culpar pelas burrices que você faz. Se suas finanças não vão bem, não sou eu quem estou devorando-as; considere gastar menos e encontrar um equilíbrio entre o que você ganha com o que você gasta, e considere parar de dar seu dinheiro para instituições religiosas que beneficiam apenas seus sacerdotes.

Se sua vida é uma tragédia sem fim, considere parar de fazer babaquices; não me ponha como responsável pela sua existência miserável.

Se você, maldita Humanidade, procura uma religião porque tem medo de vim para minha casa, o Inferno, pode ficar tranquila, não trarei nenhum humano para cá; Deus me livre de te ter aqui. Você, Humanidade, é indisciplinada e rebelde, meus demônios são obedientes e leais.

Se você insiste em ouvir charlatões e gurus, o problema é inteiramente seu; quem está fazendo papel de trouxa é você. Só pare de me atribuir um papel que não é meu. Se você, desprezível Humanidade, é uma criança birrenta que precisa ser consolada pelas tolices que o livre-arbítrio te permitiu fazer, não encontre em mim um culpado. Eu não te faço matar, nem roubar, nem pegar a mulher ou marido do teu próximo. Isso você já faz por si mesma. Eu não te tentei a fazer nada, você que fez por livre vontade.

Eu tenho lá minha cota de diabrura ao longo da história, mas nada comparado ao que você fez sozinha, Humanidade. Às vezes eu sento e assisto para aprender com você; fico impressionado com a naturalidade que você destrói tudo ao seu redor e ainda consegue arrumar um culpado por seus crimes e um advogado para te absolver.

Devo dizer, Humanidade, que estou pensando em adotar essa sua estratégia; vou fazer algumas maldades e dizer que fui influenciado por você.

Por hora, essas são as minhas queixas. Só te peço que aprenda a fazer escolhas melhores, minha cabeça satânica dói toda vez que você me atribui as besteiras que você faz. Se você continuar assim, maldita e desagradável Humanidade, vou acabar acreditando que sou tão terrível quanto você me pinta. Confesso que não sou nenhum ser amigável, às vezes sou rabugento e vingativo, mas quem não é com um tanto de acusações injustas?

Enfim, era isso. Não perturbe o meu sagrado sossego!

Com grande desgosto,

Diabo

Felipe Pereira dos Santos
Enviado por Felipe Pereira dos Santos em 26/06/2023
Código do texto: T7822599
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