ARAUTOS DO MISTÉRIO

Edemar Luiz Carneiro, querido poetamigo! Quanta acuidade para com a proposta em pauta e a prevalência temática norteadora, que, no caso é a Poética e seus rapsodos.

Nas duas últimas semanas, o comparecimento de confrades e confreiras conhecedores do ofício da Palavra em vestido de festa tem sido altamente estimulador: cada um traz o que ajuntou no (seu) exercício do sentir, daí que o aporte pessoalíssimo tem sido considerável.

Quem pretende ser confidente em Poética, ganha muito mais como aluno do que eventualmente se acrescenta, engrandece ou se destaca como protagonista, na eventual transmissão aos poetas-leitores.

Contudo, no caso das discussões através da virtualidade internética nas redes sociais, o que me parece ocorrer é a síntese dialetal, o resultado que, assimilando teses e antíteses, propõe uma nova síntese, que se pressupõe precioso fruto de processo público de discussão. E, assim, todos ganham com a lavratura dos registros em processo aberto ao público, em tempo real.

Andejamos, portanto, nos genuínos domínios de Friedrich Hegel, que nos legou a sua dialética (hegelianismo), tão bem explorada por Karl Marx, a partir do manifesto de 1848, acrescida pelos aportes filosófico-sócio-políticos subsequentes, de lá até a contemporaneidade.

Deste processo também a Poética se beneficia. É isso, modestamente, o que fazemos nesses espaços feicebuquianos. E aqui estamos, extasiados, mas cônscios dos plausíveis efeitos da tecitura da palavra e sua peculiar fenomenologia.

Vale relembrar que Armindo Trevisan, seminarista estudioso, sacerdote, professor emérito, poeta e sábio inconteste, nos ensina, em sua síntese, aos 90 outonos, que "Poesia é a lucidez enternecida".

Hosanas ao coração da criatura humana e sua magnanimidade. Por essas e outras é que me sinto um "condenado ao pensar": porque acredito no humano ser e suas desafiantes contingências.

Observas como é bom lidar com os sábios? Quando bato às portas do racional, a palavra exsurge como diva mensageira e eu a divulgo sem nenhum pejo.

No mais, cumpro com perseverança a difícil, porém prazerosa missão: a de me sentir um singelo arauto do Mistério.

Acredito que ficamos mais densos quando a palavra ocupa nossos neurônios e as imagens voejam sobre a angustiosa consciência do estar vivo.

Abraços a ti e a todos os participantes deste foro permanente de discussão da condição humana.

MONCKS, Joaquim. O CAOS MORDE A PALAVRA. Obra inédita em livro solo, 2023.

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