Saudade
Sabe meu anjo, tem dia que a saudade vem, mas não é aquela saudade doída, é aquela saudade dilacerante que esmaga a alma, ultrapassando todo tipo de dor e de repente chega a paralisar. É como se eu entrasse em estado de choque novamente e sentisse muito, mas muito medo mesmo de ficar aqui e quisesse correr para junto de você.
Queria tanto que você pudesse falar comigo agora, me contar como é aí, mas acredito que realmente deve ser o paraíso, só de saber que está longe da maldade, dó ódio, da dor e tantas coisas ruins que acontecem aqui fora, já dá pra imaginar que é um lugar repleto de paz.
Sabe, ainda não dá pra acreditar que aquela bebezinha dos olhos pretos e curiosos que se tornou uma linda garota, nos deixou tão cedo.
A menina que nos encheu de orgulho e se formou em psicologia.
A menina dos excluídos, aquela que sentava ao lado dos andarilhos para ouvir a história de cada um tomando café com eles, aquela que às vezes passava a madrugada acolhendo os moradores de rua, aquela que fazia questão de reunir todos para viver momentos de aventuras juntos e tinha a gargalhada mais gostosa que eu conheci e também a que viveu tudo tão intensamente.
Ah, meu amor, talvez por isso Deus te levou tão precocemente, acredito que Ele precisava de você aí pertinho dele, não é mesmo?
Sim, eu preciso acreditar. Sei que igual você outro alguém jamais existirá, você era única, especial, a maneira como olhava para o outro com os olhos de amor, sempre será lembrada e acredite, uma sementinha desse amor foi plantada em cada um que conviveu com você.
Essa saudade dilacerante, incontrolável que eu sinto, vez ou outra eu sei que ela ainda vai me visitar, mas saiba anjo, que um dia eu tenho certeza que irei novamente te encontrar e vou poder te abraçar.
Pra sempre...