CARTA – Dia dos Namorados – 12.06.2023 (PRL)

  

 

CARTA – Dia dos Namorados – 12.06.2023 (PRL)

 

 

Recife (PE), 12 de junho de 2023 – Dia dos Namorados (NPRL).

 

 

Querida Jane, minha linda,

 

A minha intenção era de não fazer esta carta, mas de contigo falar pessoalmente, todavia ainda não tiveste condição de mandar me buscar. Poderia conversar por telefone contigo, entretanto não sei do DDD nem qual a operadora que comanda esse serviço nessas plagas longínquas; saiba que tudo tem sido tão difícil para mim!

Tendo pensado muito em ti, até sonhado de vez em quando, mas no momento em que acordo fica cada vez mais complicado aceitar essa tua partida, porque perdi a vontade de viver, já que tu eras o meu mais sério motivo para querer estar vivo, e não estaria não fossem os dias perdidos e as noites mal dormidas em sofás desconfortáveis que passaste ao longo de nossa conivência, cuidando de mim, me acompanhando nas mais diversas cirurgias a que me submeti...e tu sempre com um sorriso nos lábios, a fé e a esperança de que eu sairia de todas são e salvo. Tenho certeza de que Deus me manteve com vida em atendimento as tuas preces fervorosas, pois as minhas são frágeis e sem substância, mal balbucio algumas orações já impressas, decoradas, diferente de ti, que falas com o coração e a pureza de tua alma.

Fico tão para baixo quando vejo os casais de namorados juntos, unidos, alegres, festejando o seu dia! Sobre os meninos, estão mais ou menos bem. Ultimamente foram atingidos por essa gripe forte que grassa no país, sendo que a Úrsula teve sequelas da COVID-19; a Sandrinha está acamada, com diagnóstico de pneumonia, se tratando; a Ângela, como sempre, forte, uma gigante, enquanto a Mônica está passeando na Itália com o seu marido, numa boa; o George, grande Professor e Cirurgião Dentista, vai bem e os filhos também, apenas alguns problemas, que ele vai administrando com a sua competência. Ele tem me convidado para sair de vez em quando, nos finais de semana, mas não tenho tido coragem de fazê-lo. Ainda hoje agradeço por nós dois termos escapado dessa doença triste, que mata por brincadeira, embora atualmente esteja atuando de maneira mais precária, pois a tendência do vírus é se enfraquecer.

Sobre mulheres, eu já desconfiava de que tu irias tratar desse assunto. Não minha querida, não tenho conhecido nenhuma e creio que não conseguirei, até porque não estou procurando, e seria dificílimo arranjar uma jovem que tivesse metade de suas qualidades de filha, esposa, mãe, avó e bisavó. Outra coisa, com esse meu gênio forte, duvido que alguém pudesse querer se sujeitar a um rabugento como eu; tu foste a primeira e única que me valorizaste em todos os momentos da vida, e me defendeste, mesmo sabendo que eu poderia estar errado.

Sobre a pintura, sabe, tem sido complicado, pois a inspiração desapareceu de repente, eis que apenas tu me incentivavas a labutar nessa arte, de sorte que tenho tentado, mas sem aquele impulso de antes, ou seja, falta de ânimo e disposição, embora haja uma tela quase pronta no cavalete, tudo indicando será a última de uma série que não contei ao longo desses anos todos; não sei, possa ser que ainda venha a insistir nessa atividade, que é tão bela.

Sim, continuo escrevendo no Recanto das Letras, embora tenha perdido o elã, e apesar de os colegas me prestigiar, tudo me retrata tão aguado, de modo que as minhas composições nem mais a mim mesmo me emocionam. Lembro-me que, para ti, eu seria um escritor/poeta de nomeada, e isso deve ter sido a mola impulsora de meus poemas.

No mais, espero rever-te brevemente.

 

Beijos do Guinho.

 

SilvaGusmão

ansilgus
Enviado por ansilgus em 11/06/2023
Reeditado em 14/06/2023
Código do texto: T7811269
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