Mister Adams and Devil's Trill Sonata
Mister Adams,
Meu amistoso mentor.
Com imensas saudades o escrevo, por onde voa seus pensamentos? Os meus, sem esperar reciprocidade, e sem falsas modéstias, estão em direção a uma ilha. Dizem que habitadas por bruxas, mas habitada também por um gigante ser.
Na minha trivial vida as novidades são escassas, mas a vetustez abundante. O peculiar se dá em meus momentos oníricos. Tenho tido uma visita ímpar. O Diabo tem visitado meus sonhos.
Ele sopra ao meu ouvido, sinto seu hálito, me deixa embriagada em mercúrio e enxofre, faz um convite. A proposta é tentadora, não tenho muito que perder e a é carne fraca; água mole e pedra dura tanto bate...
E isso não se dá num sonho ou outro, são noites seguidas. Até parece uma perseguição. Já estou quase que totalmente seduzida. São conversas simpáticas, insistentes, demoníacas. Vou pender ao seu lado. O lado sombrio tem seu glamour, o inferno pode ser divertido.
Entre outras coisas, ele toca uma sonata maravilhosa com uma destreza singular e muita inteligência, arriscaria dizer, celestial. Algo que transporta, são voos de fantasia deleitáveis. Sinto-me arrepiada, encantada; e, outra vez, percebo a minha respiração falhar e acordo.
Bem, é tudo que tenho para contar neste momento, me dê um fio de sua aprazível atenção.
Nostalgicamente, das profundezas da Confraria infernal,
Sua amiga em vida e morte.