Carta de amor
Assis, 5 de junho de 2023.
Querido amigo marido,
Hoje o professor Odilon, da disciplina optativa A Escrita e seu Contexto de Produção: Dialogias da Significação, preocupado com a distância que percebeu entre os alunos e os assuntos abordados nas aulas, propôs uma atividade prática de escrita, dando um respiro em meio às teorias e teorias. A atividade é temática, não de festa junina, mas sim de dia dos namorados.
Eu queria que você estivesse aqui pra ver a cara de alguns colegas. Comentários como ‘’pra quem eu vou escrever essa carta?’’ e ‘’mas eu não gosto de ninguém’’, aliados a olhos esbugalhados e risos tímidos, tomaram conta da sala de aula (ok, não vou exagerar, nem foi tanto assim). Mas, ai ai que engraçado.
Eles que lutem e pensem em alguma coisa. Alguma ideia. Alguma fantasia. Alguma lembrança. Algum desejo. Algum amor. Eles que finjam o jeito ridículo dos apaixonados ou o amor carinho de bons amigos ou o amor casa de quem é família ou o amor próprio de quem é gente viva ou o amor pet de quem é gente boa. Eles que se virem e se revirem nos correios nos selos nos envelopes. Eles que criem histórias boas demais ou tristes demais ou clichês demais. Eles que pensem em algo que sirva. Em algo que se pareça com uma carta de amor. Uma carta de paixão. Uma carta de tesão. Uma carta de quem - pelo amor de Deus - quer se formar na universidade. Boa sorte…
Mas eu, eu tô tranquila. Que tarefinha boa. Que pequeno esforço é pensar em você e pensar na gente, sentir de lembrar e lembrar de sentir tanta coisa boa. Tanta coisa amor, tanta coisa amada, tanta coisa vida, tanta coisa toda, tanta coisa a gente. Eu queria que você estivesse aqui pra ver como tem gente que ainda não tem ideia do que vai escrever. E ver também meu sorriso bobo ao pensar em você e em como eu te amo.