Para todos que não me levam a sério - Parte I
Querida família, amigos e conhecidos,
Como vocês estão? Espero, sinceramente, que, diferente de mim, estejam bem. Decidi escrever essa carta como um alerta para vocês... Sim, um alerta. Estou há semanas dizendo que não estou bem, mas por não ser uma depressiva "padrão" vocês não me levam a sério, pensam que estou exagerando, que é só eu ter mais vontade que eu fico bem, que é só eu levantar da cama e reagir. Para alguns, sou animada demais para estar mentalmente tão doente. Para outros, sou fraca e preciso me esforçar um pouco mais para superar essa fase.
Não importa quão lógicos são os argumentos que eu uso, nem o tanto que eu me esforço para ficar bem, vocês sempre dão a entender que estou fazendo menos do que deveria. Talvez quando algo mais sério e definitivo acontecer, vocês comecem a levar a sério tudo o que eu falava e o que eu e tantos outros passamos diariamente, mas aí será tarde demais - pelo menos para mim.
É fácil apontar o dedo quando não estamos na pele do outro, sentindo a dor do outro, vivendo o que o outro vive, se afogando lentamente nesse mar de escuridão e dor. As doenças do corpo são bem difíceis de lidar, imagina as da mente que muitos nem acreditam serem tão sérias quanto são?
Eu não deveria ter que me justificar tanto, não deveria ter que explicar o tempo todo o porquê não estou bem e não quero fazer algo. Estou cansada de ouvir vocês falando que o que tenho é algo espiritual... Vocês usam essa mesma justificativa para alguém que infarta, quebra a perna ou tem algum câncer? Então... Doenças da mente são tão reais quanto qualquer uma.
Reflitam como vocês tratam as pessoas à sua volta. Vocês estão ajudando a encontrarem luz no fim do túnel ou estão empurrando para o abismo? Eu, particularmente, me sinto sendo empurrada cada vez mais para a ponta do abismo, há uma pequena corda que não me permitiu despencar ainda, mas quantos outros não têm mais nenhuma corda para se manterem seguros? Espero que não me levem a mal.
Respeitosamente,
Karol