Carta à doente profana
Prezada amiga solitária, te escrevo sabendo que agora estás só e mal acompanhada como sempre, porém, desta vez a última trombeta daquele anjo maldito acabou de tocar e os ventos sopram adivinhando afastamento da destruição que te acompanha!
Mas antes de mais nada, eu não poderia deixar de mencionar que nunca foram apenas os defeitos físicos, mas é a maldição que você representa... Um dia alguém no meu passado te enviou para me assombrar, sim, você é meramente uma assombração!
Talvez uma maldição na qual ficamos presos por longo período mas não havia mais saída já no segundo, terceiro ou quarto dia. É que quem te enviou como um fantasma não tinha coragem para assumir sua extensa lista de males físicos que vão além da brancura e chegam lá nas pernas tortas e tudo acaba na loucura.
Seu culto e sua desgraça são reais. E realmente prezada amiga, você tem como o único talento a destruição. Seu poder de barrar as pessoas, de isolar quem você pensa que ama ou amou....não percebe que sua afetação mental lhe trás infelicidade?
Ora, prezada amiga, por que não vês que quem te ensinou a ser assim vive de destruir e perseguir tua própria vida? Sempre me questionei...
Hoje já não há questionamentos e nem dúvidas. O local que colocaste aquelas pessoas que gostavam de mim, sua incapacidade de construir algo para si e sua dedicação à vingança, às fofocas e maledicências que aprendeste com a aquela mulher advinda de um conto de Edgard Allan Poe, faz de ti tão desgraçada tal qual aqueles que te ensinaram essa arte...
Todos. Aliás, quem são todos? Conhecem de sua arte, suas artimanhas, suas tentativas, suas locupletações...oh Deus, que infelicidade ter filha para chamá-la de ladra? Infeliz, perseguidora? Que infelicidade eu não ter visto isto com outros olhos antes, no fundo foi aquele meu jeitão de não querer me meter nestes assuntos!
Sim, sua doença piorou e chegou no teu delírio máximo... onde já se viu implorar por coisas que você nunca quis ter? sempre te disse prezada amiga nunca gostei de competir, nunca desejei o que não é meu e sempre aceitei o que houvesse de vir...você não cabe mais na minha vida, aliás, nunca coube!
Prezada, você não aceita o seu destino, sua realidade e não aceita que não tem forças pra uma doença mental que te consome em meio a tramas: "e se..." que causam a morte, gostaria muito que você houvesse compreendido que eu venho tentando me distanciar de você há muito tempo! E o Joaquim? onde estará o pobre joaquim? O que ele pensará sobre você hoje? na verdade, ele não pensa mais...está em alguma vala por não querer mais proximidade com a sua sujeira.
Seus nervos apodreceram e eu sinto o fedor da putrefação à distância, sua maldade transbordou do "cale-se" profano que me dizias no carro e agora percorre o cálice sagrado da vida, sua esperança é a desgraça alheia, sua maldição é não se arriscar a fazer o bem e largar mão...fico pensando quantos doutores você enganou para que não notassem o visgo de sua doença maníaco-depressiva...quantas vidas você tentou estragar?
Prezada já foste um dia, amiga nunca foste. Que lamento, que tormenta para limpar minhas mãos de um crime que você cometeu, quer seja por sua desconfiança, quer seja por que você tem a maldade nas veias, aquelas veias escuras, esverdeadas do pus da maledicência que percorrem-na sistematicamente.
Te escrevo enfim, para te pedir mais uma vez que o afastamento da lembrança de sua existência seja melhor do que a mudança do seu nome e suas fugas, seus subterfúgios para esconder que a todo momento era você , era você pisoteando meus passos antes mesmo de eu fazê-los...quem, senão a única Hymenoptera que fabrica fel?
Adeus. Afaste-se.