Pertencimento

Quantas páginas o coração precisa pra escrever uma história de amor?

Nosso prefácio me arrebatou de cara, envolveu cada célula do meu ser e fez de mim uma refém voluntária da esperança.

O relógio começou a contar, cada batida acelerando minha pulsação, cada rodopio dos ponteiros tonteando meus sentidos, cada avanço das horas me empurrando pra você.

Você, sua voz, sua energia. O som é uma vibração longitudinal que se propaga na mesma direção do que a produz. Você. Falando comigo. Cada palavra percorrendo exatos 14km e me atingindo com o mesmo impacto que extinguiu os dinossauros. Já não havia saída. No instante que ouvi aquele "Oi Mari" me despedi de mim.

Tique taques lentos de uma madrugada angustiante, uma voz me dizendo vem e outra me pedindo calma. Tremores e suspiros no escuro do quarto. Que ligação! Foi exatamente isso, uma ligação, uma conexão.

Sextou com S de saudade nunca foi uma afirmação tão verdadeira. Leve e obstinado, o dia sedia ao nosso capricho e passava apressado. 17:48 enfim.

Cheguei. Vamos comer o que? Posso te mostrar a minha alma? Toda história tem seu ápice e essa não seria diferente. Mas, tristemente toda ação gera uma reação de igual intensidade e minha alma logo encontraria o chão novamente.

Você estragou cidade dos anjos, minha playlist favorita, meu gosto por passeios na feira e devaneios infantis. Mas, você me deu muito mais. Um dia vou pedir um mini flash back de cada pedacinho desse nosso pequeno infinito de 48h.

Eu queria te dizer tantas coisas, que existem possibilidades infinitas de amar, que o tempo foi curto, que a abordagem poderia ser diferente, que eu torço para que em algum lugar do espaço tempo multidimensional, haja possibilidades pra outras versões de nós sermos nó. Mas, isso são só ecos daquela já mencionada esperança. Então prefiro me despedir assim:

" Amei amar vc. Obrigada por tanto. Se cuida com carinho e dá um beijinho no Milk por mim."