Resposta a primeira carta de Inverno
Shandra, septuagésimo segundo dia do ano de Pairo.
Crisálida Sorsha,
Recebi sua carta de inverno, a primeira e meu coração se alegrou por enfim entender com sentimento genuíno o que de fato é se encontrar.
Tive recaídas, algumas, poucas mas não escreverei sobre isso pois, estou com certo ímpeto por te contar a minha epifania passada.
Conversava com um estrangeiro de Thoril, a tal criatura me contara o quão desafiadora, porém bela era a sua vida, logo o associei a um belo poema de um escritor ao norte do mapa pois, sua aura era transcendente quanto aquelas palavras.
Entretanto, afastei-me alguns passos quando foi me revelado que aquele sujeito que ele não gostava de Napel, então lhe perguntei o motivo e ele me destacou a rivalidade tensa, porém sem derramamento de sangue entre ambos os territórios.
Passei dias, meses aceitando a ideia e me conformei até o momento em que li a última linha de sua carta. Naquela sua grafia desastrosa notei que, quando encontramos o nosso Narciso, podemos ver também a beleza unitária das coisas, criaturas, animais, territórios e de tudo o que nos cerca.
Na sua grafia desastrosa, minha crisálida Sorsha, notei que por mais que a vida daquele forasteiro fosse bela, ele não o era de maneira interna pois, ele viu Napel com tudo e todas as vidas que lá ocupam como um grande "vulcão demônio", esquecendo assim de cada minúscula e genuína parte que compõe aquele lugar.
Ele, o forasteiro, esqueceu-se do essencial de que somos seres únicos e que alguns, mas não todos, alguns em Napel também podem vê-lo e ao seu lar como o mesmo "vulcão demônio".
Lamento contigo, minha crisálida Sorsha. Lamento e espero que cada um possa ver o Narciso dentro de si, viver e morrer por ele, mas rogo para que estes mesmos Narcisos possam ver e respeitar outras formosuras além da própria.
Espero com todo fervor que me entenda.
De seu lírio,
Lars