Eu sei como sonhar. Eu, ainda, sonho!
Talvez devêssemos nos perguntar se as mensagens que enviamos para o universo, para as estrelas do céu, foram enviadas ao endereço certo, se chegaram a sair de nossa terra pura, se foram de fato recebidas pelos povos que lá vivem e pelas mãos a que se destinavam. Lembro que por milênios e milênios escrevi cartas de amor, dobrei-as com todo sentimento do coração, coloquei-as em envelopes enfeitados e perfumados e as enviei com um sopro de luz ao destinatário de tão precioso sentimento. Nunca obtive, naqueles milhões de milênios de anos, sequer uma resposta. Nem soube, em algum momento - até hoje - se foram recebidas. A grande maioria foi devolvida pelo carteiro com a mensagem "endereço errado", outra grande parte "o destinatário se recusou a receber" e outras, ainda, "esse endereço não existe mais". E, soube, ainda, que algumas foram recebidas e os próprios carteiros tinham ordem para as queimar. E não falo daquelas que foram queimadas (e por ele mesmo fui informada) pelo próprio destinatário. Ou, não lidas. Todas elas continham um sonho, todas elas continham um presente, meu coração. Era eu dentro do envelope enviado com tanto amor. Então entendo bem essa voz que chora em sua Solidão de Ser. Essa voz que grita no deserto dizendo ter se enviado num envelope e o remetente não entendeu a verdade e, portanto, jamais saberá como sonhar...