Eu só quero um abraço

Francisco Alber Liberato

Tem dias que a vida não faz sentido. Tem horas que você só quer um abraço, nada mais. Tudo o que você precisa é que alguém segure tua mão e diga, eu estou contigo. Aí você pensa, o que foi que eu fiz pra ser tão infeliz? Teus pais não sabem se você existe, você passa a vida toda tentando em vão uma aproximação. Aí na tua cabeça bagunça tudo e você fica frágil, fica refém de afeto, aí você se culpa e não sabe para onde ir, a vida é a busca do tudo e o encontro do nada, aí as pessoas percebem a tua fragilidade e te humilham, aí você tem que aprender sozinho a ser forte, e tua mente fica confusa, você se cobra e se culpa como se o errado fosse você, mas na realidade você só queria um abraço, será se é tão difícil das pessoas compreenderem isso? Aí você estuda, e trabalha, e se esforça, e faz o melhor. E quanto mais você faz, mais as pessoas te cobram e tua cabeça fica confusa e você se culpa. E a dor e o sofrimento aumentam e ninguém te abraça, só te julgam, só te cobram. E a roda do tempo não para, e você não consegue juntar os pedaços que o vento espalhou. E as pessoas te cobram e você se culpa. Aí você liga para alguém que se diz seu amigo e ele fala que está muito cansado, muito atribulado, que não pode, que não tem tempo, e te julga. E a roda do tempo gira e você não consegue juntar os pedaços que o vento espalhou. As pessoas só querem saber de resultados, de interesses, de dinheiro, de bens materiais. Ninguém quer saber onde dói, a não ser para te machucar mais ainda. Aí você sonha com um abraço e anseia um bom dia, e nada. Por que as pessoas brincam com teus sentimentos? Por que a vida é tanta dor e sofrimento? Tem hora que a tristeza chega de mansinho e tem hora que ela bate de cum força, e ninguém te abraça, e ninguém segura tua mão. Eu não quero muita coisa não, eu não quero ser rico, eu não que dinheiro, eu só quero um pouco de afeto e relações interpessoais sem interesses materiais. Viver em sociedade é um ato solitário e dolorido. Eu só quero um abraço.

Alber Liberato Escritor
Enviado por Alber Liberato Escritor em 22/12/2022
Código do texto: T7677408
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