No caso

Viver sem você nem é vida, vejo que consegue tão bem, então me diz qual a entrada ou a saída desse mundo teu; talvez eu não queira sair, você entende que eu morreria por você? Não queria que meu amor fosse nocivo, mas cada vez que eu me aproximo é como se um ácido fosse jogado ainda mais nos nossos sentimentos, erro e não paro. Tremo em pensar que tudo foi uma grande mentira.

Os últimos suspiros que me restam... Queria passá-los ao teu lado, nos teus braços, pois eu já desisti de tentar me consertar. Não há cura para mim, amor.

Porém, se caso você lembrar do dia em que o meu rosto estava colado no teu e eu chorei, se lembrar da sensação da minha lágrima descendo pela tua pele e o calor que ela produziu e dessa forma se sentir tocado, me chama. No caso do teu amor apertar o coração tão forte e o coração recorrer ao pulmão que também sucumbirá na tentativa de respirar, ama o meu amor, pois ele te recebe. No caso de você perceber que a tua calmaria precisa de uma tempestade, eu corro a ti barulhando a cidade com os trovões da minha garganta. No caso de você se lembrar que ainda sou eu a mulher que você engoliu por inteira e perceber que continuo dentro de você, tentando provocar contrações que te matem por dentro de tanta dor, você queira apressadamente me parir e me beijar como uma mãe ao filho, o pai a uma filha. No caso de você não ter achado o que procurou e querer voltar para o farol seguro, eu ainda estou aqui para tentar viver junto aos teus órgãos.

Mas, então, num súbito silêncio, na pausa eterna da luz, alguém ou algo tocou no interruptor da minh’alma e me desligou de tudo e é irrecuperável. De repente o meu amor congelou por qualquer criatura e com toda a sinceridade, busco a melhor hora de ir de encontro ao outro mundo, não mais o seu ou o meu ou o de qualquer outra pessoa, um mundo desconhecido que eu já não tenho mais medo ou temor. Não sei se confundo coragem com fraqueza ou é um pouco dos dois. Eu sei que não há volta para quem estou, quem me tornei. Sou uma sufocadora.

No caso de você puder passar, pelo menos, no último lugar em que o meu corpo irá permanecer: me beija, beija forte a rocha que os meus lábios se tornaram.

Lua de Ébano
Enviado por Lua de Ébano em 29/11/2022
Reeditado em 16/02/2023
Código do texto: T7661008
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.