CARTA A MULHER DESCONHECIDA

Eu não sei quem é você, na verdade não lhe conheço. No entanto tudo o que sei, o que os meus princípios sinalizam para mim. É que não tenho o direito e não devo, desejar-lhe nenhum mal. Que não devo lhe mal dizer ou inventar teorias conspiratórias a respeito da sua conduta, para justificar qualquer mal comportamento da minha parte.

Meus princípios me dizem, que devo fazer por onde lhe respeitar e até mesmo procurar desenvolver certa simpatia por você. Que devo tentar me colocar no seu lugar e analisar com toda honestidade, como eu agiria estando na sua posição. E assim, como mulher que também sou, procurar te entender. Confesso que venho tentando. Não te quero mal, não tenho raiva de ti mas... Não serei hipócrita ou tentarei conferir a mim mesma uma santidade que não possuo. Não há mal em se admitir um erro. Só escondemos nossos erros quando desejamos passar uma imagem diferente daquilo que somos. Uma vez me disseram que pedir desculpas é o mesmo que se admitir réu confesso. Eu no entanto, acredito que não se desculpar por um erro é uma ilusão. Uma arrogância tão infantil, quanto tentar tapar a luz do sol com uma peneira. E isso, eu não quero.

Mas, como eu estava dizendo. Eu estou tentando alcançar um padrão vibratório melhor. E aos poucos, graças a Deus, vou conseguindo. Mas estou ainda longe de estar no ponto ideal.

Não irei mentir. Confesso que desejei muito que você tivesse falhas de caráter e incompatibilidades que pusessem tudo a perder. Senti inveja, ciúmes e endeusei a outra parte como se, essa parte, fosse vítima de ti. Coroei-o com uma inocência que sei não existir.

Pensei tudo isso de ti, não por maldade. Mas, porque pensar desse jeito me ajudava a sobreviver ao sofrimento e a confusão de pensamentos que se instalou em mim. Eu precisava de um vilão para conseguir suportar tanta dor. E infelizmente, fiz de ti e dos filhos os vilões que eu precisava. Todos, menos ele, poderiam ser responsabilizados e condenados. Essa, foi a fantasia que eu criei para conseguir ficar viva. Consegui! E hoje, cá estou melhorando um pouco mais a cada dia das minhas dores. E conseguindo trazer à tona a minha consciência, para entender que não houveram vilões. O que houve, foram escolhas. E nesse caso, a principal foi a dele. É por isso que, mesmo que por acaso, não seja do seu interesse. Que te peço desculpas. Desculpas por ter pensado mal de ti e desejado a sua infelicidade.

Contudo, não vou mentir para você. A minha memória nunca se apagará e tão pouco se extinguirá o amor que sinto. Também não se iluda ao ler o meu relato, pensando que amei uma figura idealizada de perfeição. Não! O que relatei a você nessas linhas, foi um período de devaneio de alguém que agonizava em sofrimento. Porém, antes disso, bem antes e ainda agora. Saiba que amei a um homem e não a um deus criado pela minha vontade fasiosa. Amei um homem com as coisas boas que me mostrou e dividiu comigo. Amei a um homem com as imperfeições que percebi e com os defeitos que não confessou, porém dos quais, alguns eu supus. Amei-o exatamente como é e ainda amo. Apesar dos defeitos e das dores que me causou. E é exatamente porque o amo, quero que ele tenha uma vida feliz. E saiba que a felicidade que desejo, se estende também a você. Você faz parte da vida dele, então como poderia ele ser feliz na ausência da sua felicidade?

Não está sendo fácil te dizer tudo isso, mas era preciso.

Ainda mais difícil, está sendo praticar o que estou a dizer. Mas se quero ter ainda nessa vida, alguma paz. E para que eu mude o meu pensar e renove minha energia de forma salutar. Na verdade, é o que desejo. Não! Émuito mais do que isso ...preciso.

É fundamental.

Fique bem e seja feliz.

( trecho de "Pensando a Respeito ", obra em andamento de minha autoria )

🌷

“E pensando nele

Um doce sono me domina

Eu sou o seu Mestre

Veja seu coração

E este coração flamejante

É o seu coração

Obedientemente come.

Em prantos, vejo-o e renuncio a ele.

A alegria é convertida

Nas mais dolorosas lágrimas

Eu estou em paz

Meu coração

Eu estou em paz

Veja meu coração.” (Dante Alighieri)

cinara
Enviado por cinara em 23/11/2022
Reeditado em 26/11/2024
Código do texto: T7656241
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