Carta de apoio a Dom Estevão Bettencourt

 

CARTA DE APOIO A DOM ESTEVÃO BETTENCOURT

Miguel Carqueija

 

Em adendo à magnífica intervenção do Padre Estevão Bettencourt O.S.B. nesta coluna, dia 28/2, quero resumir o seguinte: o aborto provocado é condenável pela Religião, pela Ciência e pelo Direito. Pela Religião, pois Deus proíbe o assassinato e castigará quem o praticar. Pela Ciência, pois esta já definiu taxativamente que a vida humana começa na concepção. Pelo Direito, por não existir a figura jurídica da penalização aos inocentes (muito menos com a pena de morte).

E há um detalhe agravante, que os trêfegos defensores do embriocídio esquecem ou fingem que esquecem. Falam do feticídio como um “direito da mulher”, mas é como dizer que ela tem o direito de se suicidar, tal o cortejo maléfico que acompanha o ato nos planos físico, psíquico e espiritual. Mas silenciam que em grande parte (senão mesmo a maior parcela) os abortamentos são feitos à força e contra a vontade da mulher, por coação moral e até física de parentes, amantes e médicos, no mínimo por sugestão e indução sem os conhecimentos básicos, de modo que muitas abortam na ignorância do que estão fazendo. A coação é muito comum em países da Ásia, onde se costumam matar bebês do sexo feminino, seja por aborto (quando o sexo é identificado na gestação), seja após o parto, afogando-se a criança num balde. No ocidente também ocorre muito; entre os casos que eu soube menciono um, em que o assassinato do nascituro não se consumou porque a gestante pulou a janela do abortório e se separou do marido.

 

Rio de Janeiro, 1º de março de 1989.

Carta enviada ao Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro; já não lembro se foi publicada.