A alguns anos atrás eu estaria buscando refúgio e distração para os meus problemas. Às 20 horas eu teria feito inúmeros telefonemas em busca de companhia para atribuir significado a uma mísera data onde completo 28 e, às 22, eu já estaria nas ruas. Comprando amigos, sexo e felicidade.
Não aprendi coisas demais com a vida, mas honrar minha idade foi uma delas. Houve um dia em que me olhei no espelho e finalmente decidi ser homem, mesmo que continuasse sendo um drogado fodido, ao menos um homem eu seria. Pagaria minhas contas, sustentaria meus vícios com sangue, suor e lágrimas e, deixaria de moldar meu caráter com base na sujeira da sociedade. Seria um sujo original. Viveria em minha própria sujeira, no orgulho e no rancor. Ao menos isso me orgulha, ser o que sou.
Hoje estou sentado na varanda de casa sem tocar no maldito celular, sem ter de aturar a tortura de abraços e felicitações. Posicionei uma cadeira na escuridão da penumbra para o único amigo que tenho, eu mesmo. Afinal, este merece o meu verdadeiro amor. Juntos, lubrificamos a garganta com sabor amadeirado de um Single Malt 12 anos na companhia de charutos cubanos. Se és um drogado, ao menos se de o luxo de morrer nas mãos de uma droga descente.
Por que eu não me apego à mais nada? Sei que tudo é falso, pretensioso e passageiro. Não há algo ou alguém que vale a minha adoração. Talvez essa garrafa de whisky enquanto estiver cheia.
Feliz aniversário! Eu te amo filho da puta.
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