DEDICADO À HULL DE LA FUENTE
Era o carteiro, sempre pontual, com o dedo na campainha. Contas, propagandas, revistas...
- Ô José, tome um copo d´agua, descansa as pernas. Puxei a conversa, enquanto olhava a correpondência.
- Nada, nada.
- Tá esperando alguma coisa?
- Uma carta Zé, uma carta que não chega. Contei-lhe a história, sem minúcias, eram doloridas demais.
Zé abriu a bolsa.
- Deixa eu ver se não esqueci alguma coisa aqui por dentro. Olhou, virou, remexeu, revirou. Fiquei esperando aquele mágico com a mão na cartola.
- Não, não tem nada, não.
Levantou-se, tomou o último gole, suspirou longamente. O tom de sua voz não era o mesmo da chegada.
Deixamos, eu e meu cãozinho branco, o carteiro no portão. Foi cabisbaixo. O cão limpou os olhos com as mãozinhas, me convidou a entrar.
Estiquei as pernas no sofá, ouvindo Tom Zé pisar uma canção de 1998, chamada “Dói”. Mais ou menos assim.
“Maltratei
sim
maltratei demais
dói
e machuquei
meu coração
que bate
que bate calado
que bate calado
que bate bate
dói dói dói
bate e dói dói
que bate e dói dói
que bate e dói dói
que bate e dói
dói amor e dói e dói e dói...
Teu olhar luz do dia ... derretia...”
Deixei o carteiro triste ao contar que esperava, já fazia tempo, uma carta que viesse com a luz de uns olhos azuis cobalto que nunca mais eu vi.
Era o carteiro, sempre pontual, com o dedo na campainha. Contas, propagandas, revistas...
- Ô José, tome um copo d´agua, descansa as pernas. Puxei a conversa, enquanto olhava a correpondência.
- Nada, nada.
- Tá esperando alguma coisa?
- Uma carta Zé, uma carta que não chega. Contei-lhe a história, sem minúcias, eram doloridas demais.
Zé abriu a bolsa.
- Deixa eu ver se não esqueci alguma coisa aqui por dentro. Olhou, virou, remexeu, revirou. Fiquei esperando aquele mágico com a mão na cartola.
- Não, não tem nada, não.
Levantou-se, tomou o último gole, suspirou longamente. O tom de sua voz não era o mesmo da chegada.
Deixamos, eu e meu cãozinho branco, o carteiro no portão. Foi cabisbaixo. O cão limpou os olhos com as mãozinhas, me convidou a entrar.
Estiquei as pernas no sofá, ouvindo Tom Zé pisar uma canção de 1998, chamada “Dói”. Mais ou menos assim.
“Maltratei
sim
maltratei demais
dói
e machuquei
meu coração
que bate
que bate calado
que bate calado
que bate bate
dói dói dói
bate e dói dói
que bate e dói dói
que bate e dói dói
que bate e dói
dói amor e dói e dói e dói...
Teu olhar luz do dia ... derretia...”
Deixei o carteiro triste ao contar que esperava, já fazia tempo, uma carta que viesse com a luz de uns olhos azuis cobalto que nunca mais eu vi.