A saudade que chegou...
Onde estar aquele olhar que de tão sereno contagiava meu ser? Como estará aquele coração que de tanto amor resvalava em minha alma mantendo-me esperançoso? Cadê aquelas mãos que acariciavam meus cabelos na hora de dormir? E aquela voz calma mesmo quando o burburinho em volta era estridente? Hoje, já não existem duas taças sobre a mesa. Eu, solitário, saboreio aquele vinho conhecido de nós dois. Falta sua presença junto com seus conselhos. Faltam suas histórias, seus contos imaginários de tal maneira que me faziam crer ser real. Vim aqui fora sentir um pouco da energia da noite. Olhando o firmamento vejo uma única estrela dessa constelação. Creio eu que seja você, nouto nível, noutra dimensão a zelar por mim. Quem sabe. Eu só sei que a saudade faz morada em mim como nunca antes sentida.
Papai, aqui ainda continuo um simples aprendiz. Hora errando, em outra acertando, mas tentando colocar em prática seu ensinamento. Muito ainda terei que me corrigir, concertando meus erros.
Sorrio, muitas vezes, ao lembrar dos nossos momentos, infinitas horas de alegrias. Chegam, quase sempre, instantes de vazios imensos, mas ao mesmo tempo sinto-me numa paz profunda. Aonde esteja, peça a alguém que leia essa carta. Bem sei que não estar rica de detalhes, porém nós dois sabemos o quanto foi bom estarmos nessa presente vida juntinhos. Sempre nos respeitamos e nos amamos incondicionalmente. Melhor presente de Deus: Ter tido o prazer, numa oportunidade maravilhosa, de ser seu laço consanguíneo.
Gratidão, Papai!
Que Deus continue a iluminar sua caminhada. Siga comigo, pois contigo eternamente estarei.
Até um dia, Papai!