Ecdise Espiritual

Libertou-se o brilho que a tanto se absteve

Lapidou a bravura afogada em mansidão

Entregue ao seu almejo ortodoxo, caminhou no seu jardim de petúnias em busca de reformulação da carcaça. Foi quando encontrou Senétraris. Surpreso e contente com a situação, gritou: "Que felicidade em lhe reencontrar, meu amigo. Já faz bastante tempo desde o último diálogo". Senétratis lhe responde: "A felicidade é recíproca, meu querido. Mas saiba que foi o seu desprendimento e sensibilidade que o trouxe até mim. Ficamos felizes com mais uma troca. Mas me diga, o que o trouxe?". Quase sem conseguir enxergá-lo, respondeu: "Sinto que tenho traçado um caminho correto. Novas percepções surgem todos os dias. Quase tudo tem ficado mais leve. Mas, carnalmente tenho andado falhando bastante. O reerguimento é nítido e ainda assim permanecem estruturas falhas. É tipo voar até os céus prazerosamente e de repente despencar sem um paraquedas. É fervorosamente confuso, meu amigo". Senétratis o toca no ombro e o responde com um olhar sereno e caridoso: "Feliz aquele que sente. Aprendemos com o que sofremos. Gritamos porque libertamos. Lutamos porque sonhamos. Perdoamos porque nos amamos. Os rios não são sempre calmos. A trilha sempre tem suas irregularidades. Desvios são compreendidos. Mas para cada fraqueza, existe uma nova pétala pronta para florescer. Paciência, cuidado, afetividade e manuseio com as percepções. Lembras do cinturão florido que te apresentei? Está a cada dia mais enriquecido. Purifica teu coração, Lima. Só assim o teu lar brilhará. Nenhum peso ou tormento é maior que tua capacidade de amar. O caminho é simples, mas é longo e murmurador. A dosagem de intensidade é para ambos os lados. Obrigado pela busca, meu caro. Contatos surgirão de acordo com o amadurecimento de cada ser. Todos tem sua forma de receber, ouvir e assimilar." Anestesiado com todo o diálogo, deitou-se e adormeceu.

Compreendeu que a carcaça é a maior forma de manuseio do amor e evolução.