CARTA POEMA
A você, que ontem me pediu um poema:
Aqui estou de coração aberto para tentar me expressar.
Ontem você falou sobre poemas.Talvez no dia de hoje ainda não saiba definí-los.Também não sei porque os escrevo,tampouco nem sempre sei para quem os escrevo...
Sinto que são corpos de pedras preciosas lapidadas pela emoção, que lanço pelos caminhos.
Um pedaço de mim para a vida!
São os olhos do coração que focam as almas, o grito dos sentimentos.
Portanto, penso que viver talvez seja seja o melhor dos poemas, ou a real forma de construí-los, porque durante a vida as rimas fluem pelos caminhos.
Mas...quantas rimas que suplicam para serem ecoadas...
Você talvez não tenha percebido, mas é claro que já lhe fiz poemas!
Aliás...já os fizemos! Quase sem perceber...
Posto que suas mãos também acalmaram a ânsia do meu sofrimento.
Foram elas que chegaram livres, prontas para me ampararem no momento certo. E sem nada me pedirem, naquela dura hora em que você também sofria.
Foram seus olhos que me enxergaram através das minhas lágrimas
agudizadas, quando a cronicidade da angustia me emudeceu a voz e podou os meus versos.Eis portanto a nossa forte poesia...
Tudo isso eu enxergo, reconheço e agradeço.
Talvez não sejamo-nos o mútuo poema cego e tresloucado escrito na forma mais explícita e fumegante da paixão, mas certamente somos um canto de paz, que eu quero respeitar e agradecer.
Porque já aprendi que há poemas desatinados de amor, que nos desassossegam e cujas rimas sucumbem sem fonação...a perderem-se pela vida.
A você que me pediu um poema, aqui estão meus olhos e as minhas mãos.
Saiba que escrevo a você, naquilo que de melhor há em mim.
Talvez não tivesse eu voltado aos versos, não fossem a perseverança da sua vontade e a poesia das tuas virtudes, que jamais me abandonaram.
Jamais me esquecerei da sua dádiva.
Obrigada pelo abraço, obrigada pela presença, obrigada por tudo.
Da eterna poesia.