O vestido de Maria(In Memóriam)

Hoje, depois de mais de dois anos e com sua confirmação, estou relatando um fato real para eu e você por ora. Estou cumprindo o meu testemunho e escrevendo do meu repouso e no mesmo papel do receituário que me é necessário neste momento.

Estou passando uma temporada em nosso Estado do Ceará e fui visitar nossa casa de infância e adolescência no quadro da Igrejinha onde já foi vendida para ser fábrica de cera e hoje virou um estacionamento.

A nossa mangueira segue verdinha e resplendorosa como se o tempo tivesse parado alí conosco.

Depois desses dois anos eu revejo a linda cena mas, meus créditos por aqui seguem zero ora sou uma exagerada ora imaginação fértil e nada escrevi do que vi. Mas você voltou como em 2020 e da mesma maneira ficando em silêncio como que fazendo uma prece.

Eu estava escrevendo, fazendo minhas pesquisas e orando pelo fim dessa Pandemia e por tantos que aqui estão e pelos pedacinhos de nós que se mudaram para outra dimensão.

E de novo eu estava lá na mesma casa e enquanto eu me via no meu apto em nosso Estado do Ceará na praia do Preá, assim como em 2020 eu me via em meu apto em Franca SP, assim também eu te via radiante em um vestido branquinho de seda salpicado de rosas dobradinhas cor de rosa bebê e botõezinhos em todo seu longo vestido que apenas deixava a vista seus pés descalços e delicados acima da mangueira talvez a um metro e meio de onde eu podia levantar minha cabeça e te admirar até seus cabelos macios com leves ondas que roçacam o Céu. Tinha o formato de uma meia lua e todo o firmamento rodeavam a sua imagem inexplicável e tão bela. Olhei em volta e via minha sala e também eu estava lá embaixo da mangueira inebriada e quando consegui falar foi só no pensamento. Minha voz não saiu nem a sua. Eu tentei falar: Maria! Você veio!

O Céu estava do tamanho da minha visao porque você era grande mas eu te contemplava dos pés a cabeça que roçava na parte superior do firmamento.

Sua ausência será sempre sentida e uma saudade imensa que não passa. Então nossos irmãos realizaram seus sonhos e em grande estilo inauguraram a Casa do Escritor com a Biblioteca Comunitária que leva o seu nome, bem como seguem a zelar pelo CELUZ(Centro Espírita Caminho da Luz).

Foi sua vontade querer construir e deixar para a Cidade assim como a Casa do Escritor e Biblioteca.

Foi ignorada por seu conhecimento religioso, por seu Credo sua bondade foi tão perseguida e repudiada por tantos de nossa Cidade Natal. Foi sua luta, será sempre a nossa bandeira dar continuidade agora, a todo o seu legado minha irmã. Seus amigos queridos Escritores de Fortaleza vieram te prestigiar e outros de Acarau, de Cruz e outras localidades, foi uma emoção que resignificou toda a dor de sua ida para a Pátria Espiritual. Você enfrentou duras correntes pelos seus propósitos nos quais acreditava e muitos de ti se afastaram por não respeitarem a Doutrina que cada um pode exercer sem repressão. Um orgulho imenso cobriu nossos corações na entrega de seus Projetos como Benfeitora e testamentária sem depender de nada de ninguém, se doou em toda sua vida nos socorrendo e a quem mais necessitasse de você e por fim deixou uma partilha grande de sua fé, caridade e de Literatura para aqueles que quiserem seguir o seu exemplo de vida.

Sei que em seus últimos dois meses eu enchi de vídeos o Facebook e o Instagram ento noando louvores porque eu queria que sua permanência conosco aumentasse só mais um pouquinho e você ouvia e me falava: não te esqueces de pedir sempre segundo a Vontade D'ele. Está bem eu dizia. Insistindo por outra chance. Mas o tempo de Deus é o certo. E você parou de sentir toda dor deste mundo de lutas, cumpriu sua missão e partiu. Todos nós os seus irmãos morremos um pouco naquele dia e nos apoiamos aceitando sua mudança de Pátria. Hoje e sempre sua saudade é bem grande mas, com certeza sabemos entender e transcender a dor em amor. E uma saudade sempre nos visita trazendo às boas lembranças de seus feitos, seus exemplos e sua generosidade. E por fim quero lhe perguntar: o que foi aquilo na Inauguração do Lançamento do livro que na leitura de um dos irmãos, você borboletinha girou o tempo todo em volta dela? Sabemos que esteve lá e demonstrou seu afeto por nós, amigos e demais presentes.

Você foi na vida o Amor, a bondade, o colo abrigo de todos nós seus irmãos e de tantos que de você necessitou.

Findo aqui com muita gratidão por ter escolhido o menor e mais ressequido galho da família para ter novamente esta tua bela visão por merecimento teu. O certo é que fico feliz em ser sua vertente. Você foi sempre à coragem nas lutas, no Amor e nas dores. Agora és a Alegria, o remanso, a Calmaria.

Até um dia MARIA!!!

Goretti Albuquerque.

gorettiistar
Enviado por gorettiistar em 31/07/2022
Reeditado em 14/07/2024
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