Segunda Carta ao Tomás
“Cada pessoa, todos os fatos de sua vida estão ali, porque você os pôs ali. O que fazer com eles cabe a você resolver” Richard Bach
Diziam que eu sou teimosa,
Criança amuada, bicho do mato.
Pensei: Se fui eu quem os pôs ali,
O que fazer com cada pessoa ou fato?
Um eu ignoro, outro finjo que não vi
Com alguns refaço minha rota
Para evitar o olhar, o contato.
Se os pus ali, o melhor a fazer é ir.
Saio da cidade, embrenho-me pela mata.
Ouço na grota o coaxar do sapo: croac croac, cuá...
No alto da árvore, zumbem as abelhas: bzzzz...
Passa estridente um bando de bem-te-vis.
Continuo a caminhar, encontro uma casinha.
Ao longe trabalha um casal de camponeses
No cultivo de inhame, mandioca e abobrinha.
Mugem vacas leiteiras no curral: muuuu...
Ao ver-me o cabrito berra bem alto: bééééé....
O peru faz glu glu glu e a galinha cocorocó
Quando ouço o “Bom Dia” do papagaio
Desperto do pesadelo, desato o nó.
Já não sou mais teimosa ou amuada
Ponho pessoas e fatos no anonimato
E me identifico com a alegria, ao dizer:
“Muito prazer! Sou bicho do mato”.
Bsb. 26/07/2022