Meu querido jazz
Ai, meu querido jazz...
Escrevo pois preciso espairecer meu coração que há tempos tem me deixado na mão. Um copo de vinho e vamos começar, até vesti a roupa mais confortável que tenho para relaxar.
De tudo tenho a leve impressão de que, algumas pessoas ao meu redor sempre me pedem favores, como se fossem missões em jogos. Vivo semana a semana cumprindo todas elas, para no fim chegar num ciclo vicioso: café, cigarros e às vezes algum tipo de bebida pra me encaminhar ao descanso.
Sinto viver numa espécie de 220 volts, alguns escapes me tiram um pouco desse foco da sociedade, mas ao menos posso ter um momento para respirar.
Sexo, drogas e rock'n roll: termo brega para definir o que tenho vivido nos momentos de lazer. O sexo é prazeroso até certo ponto, as drogas boas me tiraram o tédio por um instante dessa eternidade que se denomina 25 anos. E o meu rock, ai meu querido rock, tem perdido cada vez mais meu interesse, mas não por maldade. É que fui atraído por meu querido jazz.
Ai meu querido jazz...
Escrevo esta carta para que comigo não tenhas desconfiança.
Espero apenas estar na lembrança dela, minha querida, linda, maravilhosa, culta, encantadora, misteriosa, dona do meu silêncio choroso guardado no peito, aquela que rege a orquestra e me põe para jogo, minha querida alma gemea.
Se algo mais importasse, estaria aqui o descrevendo no lugar de outro assunto, mas já engoli todo o ego que me circunda ao menos no consciente, rasguei toda ignorância, raiva e ódio que podia habitar por aqui.
Carta ao querido jazz
Atenciosamente, Hiago.