Cartas para Ecnardo

Quarta-feira, 29 de junho de 2022.

Estimado Ecnardo,

Boa noite! Como estás? Como foi o vosso final de semana?

O meu fora deveras animado. Certamente, deves saber que estamos no período dos festejos juninos. Aqui na rua por exemplo, a festa seguiu animada desde a semana passada e eu não pude resistir e decidi me divertir um pouco com algumas primas e amigas que vieram passar alguns dias por aqui.

Acreditas que pela primeira vez na vida senti os efeitos das bebidas alcoólicas? Eu particularmente não consegui deixar de degustar aos deliciosos licores, só de estar aqui escrevendo sinto a língua enrolada para estalar. A pior parte de se cometer exageros dessa natureza é a propensão de se fazer jus ao ditado: "In vino veritas". Digo isso porquê eu não conseguia afastar a torrente de sentimentos pelo jovem Parabatai… Talvez eu nunca o supere, mesmo estando ele casado e a milhares de quilômetros. Não consigo esquecer o seu toque, o seu cheiro,  como eu gostaria de ter sido corajosa para beijar-lhe os lábios emoldurados pelo bigode e pela rala barba ao queixo. 

Que raiva! Infelizmente ele está em todos os assuntos da minha vida. Por minha culpa, por esse amor louco e silencioso que criei, alimentei e que hoje, rasteja gotejando mel com fogo por dentro de mim. E em toda noite de plenilúnio total murmuro confissões no parapeito de minha janela, na esperança que o frio vento vença o mar e lhe entregue meus beijos.

Voltando… não é que após embriagada eu fui tomada pelas lembranças com ele e desatei a chorar, a gritar e a cantar a sofrência que eu tanto criticava (pasme, o amor coloca  a gente em cada situação humilhante). O pior foi quando caí no sono e dentre os sonhos mais loucos que já tive, avistei o meu vizinho de porta nu em pelo, não consigo mais olhar na cara dele de tanta vergonha… eu estou imaginando as gargalhadas que você deve dar com essas coisas que lhe escrevo.

Santos Deuses eu quase me esqueci! O romance de que lhe falei na carta anterior se chama Úrsula! Não sei se você vai encontrá-lo por aí, caso queiras posso lhe enviar um pelo correio.

Uma última coisa! Não posso dar certeza, mas provavelmente, irei passar as férias aí contigo! Quando estiver tudo acertado lhe darei certeza. 

Não vou mais estender-me por aqui. Um fortíssimo abraço e até a próxima carta.

Com carinho.

Esperanza Floregris.