Um Ano

Então, pai.

Um ano, já?

De mãos dadas, assim foi nossa última foto juntos.

Lembro-me perfeitamente dos teus últimos momentos;

Rezamos juntos, e tu ainda deu uma piscada.

Depois de muita oração, começaste a cair num sono profundo...

Peguei novamente tua mão e vi a mudança de cor na tua pele, quando eu a abri.

Estavas quente, bem quente porque a febre estava muito alta, nem os paninhos adiantavam mais.

E tu, estavas indo.

Não falei nada pra mãe e nem para tua neta mais velha que estava junto naquele momento.

Apenas rezei, e conversei contigo.

Disse que a partir daquele momento, tu deverias seguir sozinho, sem levar ninguém contigo e que não deverias ter medo.

Pois a vida continuaria à distância, porém com parte da família que há anos, não via.

Encontraria meu avô que lhe apresentaria tua mãe que não chegaste a conhecer, assim como tua irmã;

Encontraria o nosso gordo, que com certeza também estaria te esperando, junto com a família da mãe e muito dos teus amigos que tanto gostavas.

Aos poucos, tudo foi parando, estacionando.

Fechaste os olhos, a boca, e seguiu no sono eterno.

Me virei pra falar que estavas indo, e quando novamente te toquei, não tinha mais sinais vitais.

Mas, depois de tudo feito, estamos aqui...

Seguindo a vida, como tu sempre me pediu.

Tomei àquela ceva em tua homenagem, e continuo cuidando da nossa véia, que me dá cada susto, com as doenças dela... Mas faz parte.

Estamos bem, dentro do possível, sentindo tua falta, é claro.

Sem choro, com o coração e consciência tranquila de que fizemos tudo o que pudemos.

Bom, fica bem aí, continue cuidando de nós que muito rezamos pra ti e pra todos aí.

Te amo pra sempre.

Sicoelho
Enviado por Sicoelho em 07/06/2022
Código do texto: T7533084
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