Querido ex-número1

Querido ex-número 1,

Eu só queria te dizer que eu te perdoei. Eu finalmente consigo olhar para trás e não ter uma crise de ansiedade. Embora eu, com toda certeza, não voltaria atrás em nenhum momento. Mas, de certa forma, guardo o que tivemos de uma forma boa.

Ontem, quando jogava Uno com o meu irmão mais novo, lembrei de várias risadas que dávamos enquanto jogávamos. Era muito engraçado jogar com você, porque a gente jogava de forma que irritava um ao outro. Era divertido e completamente único. Eu gostava disso na nossa relação, das coisas serem completamente únicas. Das piadas internas.

Foi bom lembrar disso como uma memória boa. Fazia tempo que não lembrava de alguma coisa boa. E, senti, que finalmente consigo enxergar todas as boas coisas que aconteceram. Sou muito grata por todo o bem que me fez. Por ter me escutado durante muito, muito, muito tempo. Por todas as vezes que eu chorei por motivo nenhum e você, confuso, ficou ali comigo. Por ter me colocado como prioridade (que, talvez, possa ter afetado também), mas ninguém nunca tinha feito isso antes. Eu nunca tive tanta atenção e carinho quanto você me deu e perdoa-me por não ter retribuído da forma como você merecia.

Eu te perdoo, Fidalgo, por todas as coisas ruins.

Você merece uma garota muito legal. E ela merece todo esse amor que você carrega dentro de si. Você merece ser feliz. Merece ficar em paz. Merece um relacionamento leve, que não te traga ansiedade. E eu sei que você vai ter um.

É incrível como eu, finalmente, me sinto tranquila por isso. Por estar me desprendendo disso. Por estar feliz por você. Mesmo que tenha me machucado e, talvez, até prejudicado o meu ex-relacionamento mais recente (sem a pretensão), eu sinto que tudo que nos aconteceu serviu para ambos crescemos. E, eu acho que um relacionamento serve para isso mesmo. Para um aprender com o outro. Até o momento que percebemos que não estamos mais evoluindo, mas regredindo.

Eu disse isso, mais cedo, para um amigo da faculdade e ele me disse “Elena, às vezes você parece ter uns oitenta anos de maturidade”. Mas é verdade. Você me ensinou muitas coisas (que eu poderia até listar, mas ficaria aqui eternamente) e espero que eu tenha te ensinado também. E agora, temos que continuar aprendendo, só que, com alguém que possa nos acrescentar.

Eu acho que vou te guardar na memória exatamente assim: me encarando com aquele olhar curioso. Perguntando-se sobre o mundo. Sobre as coisas. E querendo aprender tudo que eu podia te ensinar. Desde redação a livros que você nunca vai ler.

Eu não te odeio. Saiba disso. Eu sou completamente agradecida por tudo. Obrigada por ter feito parte do meu caminho.

Obrigada, de verdade,

Bb.