Carta aberta para Deus

Querido Deus,

Sei que você deve estar preocupado com outras reclamações, mas realmente não aguento mais.

Me ensinaram a sempre te amar e você nem ligou.

Chorei enquanto você brincava de xadrez com minha frágil marionete.

O sentimento que estava aqui era sempre fiel a sua versão.

Deus escrevera todos os livros.

Sem lados, sem opiniões.

Com seus dois lados, duas caras.

Vivi com o falso livre arbítrio por muito tempo.

Nunca pensei em te deixar, mas não me rebaixarei a seu ser.

Onipotente, onipresente, onisciente.

Eu cansei de ser sua submissa.

Não questionar enquanto as leis tríplices entram em vigor.

“Tudo que fizeres, voltara a ti em triplo”

Querido Deus de Espinoza.

Você me abandonou, virou as costas para mim, viu o meu sofrimento.

E o que recebo?

Dor e desespero.

Quase morri hoje, sabia?

Acaba de perder uma das suas maiores seguidoras.

Serei minha própria alquimista.

Não sei se você realmente se preocupa, mas o lago de fogo me aguarda.

Lúcifer me acolheu, ele me abraçou, me deu esperança.

Uma esperança da qual, há muito tempo, via em ti e que se quebrou quando você me abandonou.

Deus,

Repartir o pão e beber do teu vinho não fazem parte de minha comunhão.

O que eu faço hoje em dia amar o próximo da mesma forma que ele me ama.

Juntei-me a Lilith.

Eles foram gentis.

Acolheram-me, deram-me o que comer e regras a obedecer.

Deus,

Todas aquelas orações que fiz, você ouviu?

Muitos se humilham para conseguir uma vaga em teu céu particular.

Um purgatório disfarçado de paraíso.

E mais uma coisa.

Querido Deus,

Eu te odeio.

“Mesmo que tu falaste a língua dos anjos, amarás e odiarás com a mesma intensidade”

Lena Gomes
Enviado por Lena Gomes em 22/05/2022
Código do texto: T7521357
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