Nº14 - carta de despedida nº já não sei quanto.
É, você tá coberto de razão. Sempre esteve, não é mesmo. Motivo de uma das nossas piadinhas por você nunca sentir frio.
A gente não daria certo. Não agora, não nesse momento. Ainda somos imaturos demais pra lidar com as incertezas um do outro, mas eu, dentro do meu íntimo, sempre quis tentar. Eis o que me diverge de você. Eu sempre achei a tentativa plausível, sempre preferi o risco de fazer e dar errado do que a incerteza do "se..." Já te disse isso em uma outra carta. Outra que você não leu e não lerá, assim como essa.
"Se tivesse tentado, se tivesse dado certo, se fizessemos planos...". Inúmeros "se's".
Não te chamo de covarde, mas é nítido como dia, o seu medo. Talvez você tenha seus motivos. Talvez, nem você mesmo os entenda e talvez, daqui a três anos, no meio de uma quarta-feira ensolarada, você saia pra almoçar e lembre de mim. Talvez você se pergunte "como será que ela tá?" e talvez, nesse mesmo dia, meu coração e minha mente já não sintam sua falta. Talvez eu já tenha encontrado um outro dono pra essas cartas de amor. E talvez você se perturbe quando olhar alguma rede social e se dê conta disso. Talvez mande uma mensagem, talvez siga a vida, talvez a gente nunca perca o contato e você saberá de tudo em primeira mão, mesmo não sendo mais o protagonista.
Mas tá aí outra palavra que eu não gosto "talvez". Um montão de coisas podem morar dentro dela. Um montão de possibilidades, mas apenas uma delas me agrada no momento- "talvez daqui a três anos no meio de uma quarta ensolarada, você saia pra almoçar e me ligue, dizendo: "ei, amor, tô com saudade, como tá sendo seu dia? Passo aí pra te buscar mais tarde"
Talvez teu medo de tentar seja um livramento pra nós dois ou talvez seja apenas algo de que a gente vai se arrepender quando estivermos velhos e grisalhos.
Mas por hora, não esquece, eu te amo.