Uma mensagem!

 

Santiago Cabral: Liliane, como vai? Este foi o seu último texto poético publicado no Recanto, pelo menos sob este perfil. Independente de apegos sentimentais e fantasias, eu apreciava muitíssimo a sua inspiração literária. Eu era um autor que se deleitava com a pena admirável de uma outra autora.

 

Uma resposta!

 

Boa noite Sr. Santiago Cabral. Tudo bem por aí? Eu estou bem. Adaptando-me a um novo e tão sonhado estilo de viver. Fiz várias mudanças em minha vida. Até mudei de estado. Hoje moro em Minas Gerais, estado que nasci. Sempre foi um sonho meu, voltar às minhas raízes quando a aposentadoria chegasse. Desde o ano de 2019 estou nesta transição. E, confesso que dá trabalho realocar – se em outras paragens. Porém, embora a certeza da decisão traga em si mesma um contentamento sereno e seguro faz-se necessário adaptar-se. E, isto leva um tempo que não cobra pressa, não busca atitudes heróicas, não se incomoda com prazos, com posturas rígidas e milimetricamente determinadas. É suficiente viver um dia de cada vez, observar os pássaros, o vento que sopra ao entardecer, o sol que abre o dia e o seu poente traz a lua, as estrelas que hoje vejo da varanda de meu novo lar, localizado em algum lugar do Triangulo Mineiro, num pedacinho de terra que a mais de 100 anos deu origem a minha linhagem familiar. Agora tenho um jardim para cuidar, faço todas as tarefas domésticas, observo a pastagem verdejante e inquieta, sinto a levesa das águas barrulhentas de um riacho que também passa por cá. Acredita que voltei até a fazer as receitas de biscoitos, broas, pão de queijo, bolo de fubá, e a boa comida mineira dos tempos de minha infância preparada por minha avó? Estou também aprendendo a lidar com uma horta, plantando verduras e legumes para consumo próprio. Ela é bem pequena e aos poucos vou aprendendo as manhas de vê-la desenvolver. Ontem eu colhi tomate, agrião, alface, quiabo e jiló. Creio que estou progredindo nesta empreitada. Tenho um galo, uma galinha e quatro franguinhos. Eles por vezes me deixam irritada porque ao entardecer tenho de abrigá-los no galinheiro e não tenho achado tarefa fácil sair correndo atrás de ‘penas voadoras’ mas um dia eu chego lá. Os gaviões que o digam. Tenho duas gatinhas: Mimi e Nina. Elas apareceram do nada e eu fui cuidando e agora preguiçosas que só, me alegram com suas peraltices. Depois, quando menos esperava chegou também a Rainha. Uma cachorra viralata que sismou de me proteger e aí de quem tentar entrar no meu quintal sem que eu autorize. E assim a vida vai me moldando e eu me ‘reinventando’ como ‘autora de minha própria vida, como sempre fui, sem interferir em minha essência’ que sempre vai morar em mim enquanto me for destinado viver. Ano passado completei 60 anos de idade e 28 anos de magistério universitário. E, comemorei com a grata satisfação de ter pedido o meu desligamento da Universidade em que trabalhei. Foi à decisão mais sensata, mais honrosa que me dei de presente. Deixei o meu legado e contribuição social saindo de cena sem fazer qualquer alarde, drama ou mea culpa. Foi um dos gestos mais libertador que pude experimentar! Quanto a minha inspiração literária ela mora aqui em algum lugar desse presente, cheio de ‘tantos passados’, que eu quase que me esqueço de curvar-me em reverência a misericórdia Divina que sempre me sustentou e dizer baixinho: GRATIDÃO! Quanto aos textos poéticos deixei-os adormecidos por um tempo. E, quando quiserem voltar, minha pena estará aqui para captá-los deste universo intangível, pois, sei que palavras tem alma!

 

Obrigada pela mensagem.

 

Tocou meu coração.

 

Liliane Prado

Liliane Prado
Enviado por Liliane Prado em 10/05/2022
Código do texto: T7512886
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