Carta para a minha avó Alda!
Sou uma mulher/ menina, digo isso porque é assim que me sinto... Vivo o presente com vontade, ansiedade e alegria, embora nem sempre essa alegria esteja presente, pois como sabemos a vida é mutável, e os dias nem sempre são iguais.
Gosto de viver, e muito mais valor dei á vida, depois que tive cancro de mama e do endométrio... Não me assustou, saber que tinha Cancro, e ainda hoje não me assusta a doença em si, mas o cansaço sim, da luta diária que temos que ter, muitas vezes, indo buscar forças aonde nem imaginamos ser possível que podíamos ir... Nem imaginam, por isso, quando me sentia, ou ainda sinto mais em baixo, deprimida, e que as minhas forças entram numa letargia, eu vou busca-las a recordações de amor verdadeiro que tive e recebi, e a Deus. E é com essa Fé em Deus e no amor que essa recordação, que foi tão real me devotou, que sigo o meu caminho, e que aguento esta luta, vencendo dia a dia cada etapa, cada momento e hora, até conseguir a vitória final, ou seja, fazer o funeral ao cancro e às mazelas que ele me trouxe, que não foram poucas… Haja fé e amor, e tudo conseguimos vencer…É com frequência que inspiro perfumes que lembram minha infância. Essas lembranças transportam-me para uma deliciosa viagem a um tempo que não voltará mais infelizmente.
Minha avó adorava o perfume do alecrim, e volta e meia eu sinto esse perfume, mas sem nenhum alecrim por perto... Alecrim, lembra-me a minha avó Alda.... Tenho saudades do seu meigo olhar, e que aos 80 anos ainda sentia prazer em brincar, rir e contar histórias apesar de estar acamada.
Chamava-se Alda: Vó Alda! Lindo nome, não havia muitas Aldas nessa altura, pelo menos na minha terra natal só minha avó, que eu soubesse ou conhecesse ... A minha última lembrança com ela, é de ela estar com meu filho de 3 meses ao colo, e que ela dizia querer conhecer antes de partir na sua viagem final... Com carinho, amor e de olhar profundo e meigo, segurava-o nos seus débeis braços e contava-lhe como eu havia sido de criança, e a pena que tinha de o não ver crescer e fazer-se homem, mas que sabia que ele ia ser um bom filho... Enquanto ela o embalava em seus débeis braços de forte amor, e com palavras suaves e carinhosas, eu tirei-lhe uma foto mental para guardar para sempre... Era um lindo quadro de Amor, minha avó, com meu filho seu bisneto, com seus cabelos ainda pretos, poucas brancas e que luziam á luz da candeia acesa ali ao lado sobre a cómoda... A minha avó era maravilhosamente mágica, um ser humano incrível, e eu tive, tenho a felicidade de ser sua neta, partilhar de seu sangue e ela me ter amado tanto e ter-me sempre no seu pensamento e guardada no seu bondoso coração…
Não esqueço nunca esquecerei a minha doce e querida avó: Ela era muito especial, e tinha uma coragem enorme, nada a amedrontava, ela enfrentava tudo com coragem e muita fé na vida.
Lembro-me de quando ia de férias para casa dela a alegria e felicidade que eu sentia. Meu coração batia descompassadamente, até chegar ao pé dela, até poder tocá-la e abraçá-la. Era uma loucura o meu amor pela minha avó…. Sinto imensas saudades, das histórias que contava de cabeça e sempre com sentido e moral, dos seus abraços e beijinhos, dos seus conselhos, e da sua maneira de ver, entender e viver a vida…. Ela era tudo para mim, mais que meus pais, que todos os outros, era a coisa mais importante da minha vida… Não podia imaginar que a perdia, pois, meu coração quase rebentava de dor e tristeza, e eu chorava copiosamente…
Para mim, ela era a minha mãe de verdade, embora eu soubesse que não era assim, meu coração dizia-me o contrário… Minha Alma feliz aceitava, porque ela era o meu arco iris, o sentido de eu viver, da minha vida aqui neste plano… Com os ensinamentos que ela me transmitiu, eu tornei-me um seu espelho, até no amor e fé firme e infinito por Jesus…
Beijos, minha Alda do meu coração, um dia vamo-nos encontrar num lugar bem bonito, onde muitas crianças devem estar ao teu redor a ouvir as tuas belas historias de encantar … Ficarão admiradas, de ver uma avó linda, de cabelos pretos que luzem á luz da candeia, de olhar meigo, um coração bondoso e uma alma que brilha e ilumina quem está perto... Amo-te minha querida avó, viverás para sempre no meu coração!
Saudades, vó Alda!