Dear D.
Não lembro quando isso começou a acontecer. Sei que muitos subestimavam você, duvidavam de suas capacidades, da sua lealdade. Por um instante coloquei essas mesmas lentes pelas quais eles te enxergavam. Por um momento acreditei neles, mas você deu um (tapa) chamado amizade em minha cara e aquela ilusão proveniente de julgamentos se desfez.
Nunca fui um destaque em nada, nunca despertei interesses, nunca fui sequer alguém... No entanto, você se aproximou de minha pessoa, eram bastantes coincidências que nos conectavam: os tópicos tecnológicos, o campo das manias e os misticismos. Contentei-me e fiquei feliz por ter tal laço convosco. Eu lamento tanto não ter tido inúmeros momentos junto de ti. No fundo a verdade é que eu não queria me apaixonar por você, pois um defeito muito comum me compunha era me apaixonar por quem tenho ao menos uma relação de amizade e um profundo gostar.
O tempo passou, perdemos o contato e um oceano de obstáculos colocou-se entre nós. Tenho certeza que você não teve a menor intenção de que isso acontecesse. Sei que é um amor platônico como muitos anteriores. No entanto, cada vez que ouço a música que me faz lembrar de ti... O peito aperta, a garganta se fecha e só consigo lembrar do seu largo sorriso, do seu perfume. Vem tudo tão violentamente que perco o chão. Você é meu amor shakespeariano, protegido pelas paredes de pedra de um castelo escarlate e pulsante. Um amor sem corpo, mas de espírito primoroso. Que as ondas levem e que os ventos carreguem os meus melhores sentimentos para você!