Uma Carta(de uma mulher sem nome).
Nunca tive um talento com a palavras, mas devo lhe escrever. Dizer pra ti, falar qualquer coisa...porra! Qualquer um precisa desse tipo de coisa, até os desafinados como eu.
Poderia lhe dizer sobre o fim das rosas, sobre as noites de Fausto...ou sei lá, sobre os últimos dramas da humanidade...
Oras, eu disse pra você! Disse que não tenho jeito com as palavras! Escrevo tudo errado, ignoro as vírgulas, as pontuações e as concordâncias.
Minha mãe dizia que isso ia me matar: a falta de cuidado, ou de algo pra me parar.
Estou aqui, querido, olhando pra você .Alguns poetas devem escrever sobre isso. Imagino a mente de Herman Melville, quando navegou por aí...em busca de histórias, ou qualquer poesia.
Mas veja só...é só mais um oceano, sem nenhum tipo de nome, de uma praia qualquer, num domingo de ressaca, onde a chuva cinza de Santos aparenta estragar mais as coisas...
Oras, lhe disse que não tenho talento pra isso! Estou rabiscando e vomitando tudo! Dizendo muitas coisas, pra esconder o essencial.
O que seria o essencial?
Não sei, triste mar...não sei...
Passei muito tempo andando por aí. Devo ter fumado todos os cigarros da cidade e bebido mais de 20 toneladas de vinho barato. Já vomitei em muitos cantos, becos e banheiros imundos .Já dormi molhada de mijo, vinho, sangue ou qualquer coisa.
Sou assim: uma mulher triste, louca...descuidada até o fins dos tempos!
Querido...tu devia ser o doce oceano, que abre a esperança sobre mim...e eu devia ser algo a mais, do que mais uma mulher (sem nome),tentando(em vão) escrever a carta final.
Talvez eu devo lhe jogar fora, esquecer no dia ruim que tive. Esquecer das ultimas desilusões. Ou então devo lhe abraçar, afogar do teu beijo sujo de lixos de plásticos...deixar essa carta, deixar ela grudado do meu corpo (cheio de cicatrizes).
Eu não sei o que fazer ou que dizer.
Oras, eu te avisei!