Companheira, essa é para você!
Sempre por ato de educação, parece conveniente iniciar uma carta com saudações.
Me pergunto como saudar a mim mesma, já que é difícil nos separar ou viver individualmente sem a sua presença.
Olá, você realmente vem sempre por aqui? Ou sempre esteve desde os princípios? Aqui dentro, bem profundo onde reluz esse espelho que faz gritar todas as vozes da dor e que parece mirar na alma com o arquétipo dos traumas. Sinto falta de não notar você e da falta de sua presença, que já me permitiu dançar mesmo que sobre as trevas sem medo do amanhã. O significado se transformou, e agora o amanhã aprisiona através do medo que parece engolir nossa vontade de viver, porque viver dói. Quem não te tem, parece não entender que a tua força também é parte da escrita de minha trajetória. Seja para me derrubar ou me ensinar, há uma transição de mundos vivendo no mesmo planeta que você. Há uma vontade desesperada de gritar e sair correndo de mim mesma só para abandonar você, mas teria que desistir de todas as manhãs e me convencer que fugir é a melhor escolha. Eu sempre acreditei e continuo acreditando que não é, pois o desafio que você promove me torna alguém mais sensível todos os dias. Claro, sinto todas as partes do meu corpo, meus músculos, meus ossos, minhas articulações, minha cabeça, meu estômago, meu intestino e às vezes me perco em meio tanta sensibilidade. Me questiono se realmente sou alguém melhor apesar de você adentrar minha vida, mas se a ideia era provar ou superar os obstáculos doloridos, não desisti de tentar e até aprendi a te agradecer. Agradeço por me dizer quando parar, por ensinar meus limites e me obrigar a conhecer a mim mesma.
Eu creio que não iremos no separar e então te convido para um equilíbrio!
Com toda a ambiguidade do prazer e desprazer, dedico a você: FIBROMIALGIA!