Senhor ex governador
Espero que esta carta chegue ao senhor.
Quando escolhi ser professora da rede pública do Estado de São Paulo, eu sabia que o salário não era grande, sei que o trabalho era árduo, mas tinha alguns atrativos que, ao prestar o concurso me fizeram brilhar os olhos: tínhamos o direito de faltar seis vezes por ano, sem sermos descontados, para ir ao médico com algum parente, ir ao médico para consultas, resolver algum assunto no horário bancário, etc. Foi exatamente isso que me chamou mais atenção e consegui prestar o concurso, saindo da escola particular para a pública, ciente dos meus direitos e deveres.
Ao perceber que a escola não tinha recursos, comecei a comprar folhas de sulfite, tirar cópias, comprar cartolina, papel colorido, etc, já que o poder público não dispunha.
Comecei a ver que já era um abuso, sustentar esse lado do governo, já que meu salário era tão baixo.
Quando o senhor governador começou a enviar recursos para as escolas, pensei que viria algo também no nosso salário.
Acredite senhor governador, eu acreditei no senhor.
O Secretário da Educação foi na tv, na rede Globo, em horário nobre e disse que o nosso salário seria de R$5.000,00.
Infelizmente era mentira.
Os professores do Estado de São Paulo, hoje, dia 01 de abril, dia da mentira, acreditou que viria alguma coisa, mas já são mais de sete anos sem aumento salarial, com a perda das nossas faltas abonadas e com uma agenda apertada para darmos conta do conteúdo programático e da recuperação dos nossos pequenos.
Sabe quando acreditaremos novamente na palavra de um político? NUNCA MAIS.
Fizeram dos professores, palanque político e esfregaram nossa dignidade no chão.
Disseram que os professores eram o CHÃO DA ESCOLA e eu concordo: Somos o chão da escola, onde TODOS pisam e com os pés totalmente sujos.
Indignação é meu sentimento.
Tristeza.
Fizemos tanto por todos e recebemos um ZERO no dia da mentira.
Pobre professores que acreditaram no governo.