ESCRAVIDÃO
Sou africano, inocente estrangeiro
Perseguido, preso e maltratado
Herdeiro, antecessor de Zumbi...
Sou homem negro, valente perdido
Rendido, sem culpa, sem dó, judiado
Afrodescendente, assim como foi Zumbi...
Sou homem livre, vivente ordeiro
Acuado, sem culpa, cativo e condenado
Descendente, sucessor da tribo de Zumbi...
Sou poeta, escrevente brasileiro
Golpeado, pelo tempo condenado
Sobrevivente, da casta “clã” de Zumbi...
Essa foi minha apresentação...
Sou africano, negro, brasileiro,
Igualmente, me vejo ESCRAVO
Descendente bravo, da tribo de Zumbi...
Mas o que me toca aqui, é tentar resgatar nossa história
Já que rasgaram, maculando nossa memória
Me fiz homem negro, poeta, indignado, bem assim.
Fomos trazidos a força, dos braços de nossas mães, arrancados
Que ficaram, lá noutro continente chorando suas perdas
Por conta dessa selvageria, por tamanha desumanidade.
E foi tanto choro, tanto sofrimento, até lágrimas se acabarem
Não restando-lhes mais choro pra chorar,
Fazendo-lhes olhos seus, secarem
Depois vindo a perecer da dor cruel da saudade.
Saudade para vocês, para elas, lá,
Para o nosso povo, É BANZO!