Explicarei o porquê de ter lhe dado o cargo de amigo

Não seria novidade a revolta entre as suas pretenções e minhas decisões. Não tenho porquê pedir desculpas, e por conta dessa ocorrência, por ser direito meu e me fazer dele sem dó e piedade, peço desculpas por lhe causar algum mal, seja lá qual for a intensidade de sua revolta. Mas é aquela coisa, né...?! Direitos e respeito para haver um equilíbrio nas relações, caso contrário, cada um para seu lado. Se acaso ainda lhe reste interesse, explicarei, adiante, os motivos de minha decisão.

Apesar de estamos em um mundo que tem aberto cada vez mais espaço para nós, mulheres, de forma que me responsabilize só pela minha posição e visão, ainda há muito o que ser corrigido. E não quero me atentar aos detalhes gerais, pois, como deves experenciar, por todo canto surge alguma coisa sobre e gostaria de me ater ao luxuoso imaginário de que deves ser alguém que já tenha pensado sobre e visto algo a respeito. Prontamente essa rispidez, pois, por conta de muitas experiências ruins tive que tomar essa posição rígida, por sobrevivência e conservação do que me restou, abrirei, agora, uma fresta para que vejas o que está no meu interior e, talvez, o que tenha me levado a lhe considerar um amigo ao invés de um possível parceiro.

Então, independente do que pense sobre relação séria, ou o que quer que prefira chamar, e como ela poderia se dar ampla e feliz, ISSO!, não deixa de ser sua prisão. E eu estou cansada de me encontrar como prisioneira de alguma coisa ou de um outro alguém. E solidificar uma relação, em algum momento, passa-me essa ideia de que acabará os expermentares e iniciarão as fronteiras e regras. E nessa transição, infelizmente, tenho mais ao que lamentar do que querer dar uma chance e reexperimentar. São dores e mais dores sobre muitas coisas. E deixo a cargo do que já foi dividido, entre nossas conversas, e sua sensibilidade para preencher os espaços que não irei preencher sobre o que são essas dores. Seguimos...

Por conta disso, quando penso em abrir espaço para me relacionar com alguém, acabo me atentando ao caso de que qualquer tipo dessa relação, uma hora, chegará ao fim. Talvez, por conta dos tantos medos que tenho acumulado, eu possa acabar provocando esse fim de alguma forma. E isso me dói ainda mais o peito, porém, de certa forma, com alguém que se enquadre nesse pensar, acabo não me imaginando em um futuro que eu me perca ainda mais. Logo, há um certo conforto que me permite tentar. E é aqui que, talvez, eu chegue no tão esperado "por quê?" que esperas.

Quando nos apresentamos, eu estava nessa situação de me deixar, por algum momento, valer-me a uma relação e seus perccalços. E sim! Sinto falta de alguém para estar comigo e do chamego que esse tipo de relação acaba trocando, de me sentir especial e querida; mas isso tudo sempre posto com um limite, pois, eu já tenho meu projeto de futuro e eu não quero me encontrar em uma possível situação que eu tenha que me ver abrir mão dele. Logo, se eu me encontro com alguém que eu sinta que possa me afastar e continuar mantendo o controle dessa decisão, se torna mais fácil pra mim. Você consegue entender?

Você, com o tempo, se mostrou bem mais do que eu esperaria de alguém para esse tipo de relação. E esse mais, de alguma forma, parece me ameaçar sobre o controle das coisas. E como as coisas boas, para mim, de certa forma, são escarssas, acabo criando um interesse em manter essa ligação de forma que não vá estragar com o tempo. Então, uma amizade parece caber bem mais nisso do que um namoro ou casamento. E não me fale sobre possibilidades e que nada é certo, já estou saturada dessas abstrações. Eu tenho certas experiências que ainda latejam em meu coração, que me impedem de fazer tantas outras coisas as quais gostaria de reesperimentar. E tomar essa decisão, de certa forma, também me dói, mas, por conta do ponto em que estamos, e ciente da possibilidade de ver você partir, pois é seu direito de reação. Mas, eu ainda tenho o control da falta que você pode me causar no ponto em que estamos.

Espero que com isso, eu me valha explicada.

Atenciosamente,

Clara Nuvens.

Clara Nuvens
Enviado por Clara Nuvens em 09/03/2022
Reeditado em 09/03/2022
Código do texto: T7468856
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