Carta 9
A VIDA REAL, NUA E CRUA
Minha querida sobrinha filha do coração.
Ainda tão pequenina, ficava atrás daquela porta de grade gritando e pedindo pra sair daquela casa minúscula sem o mínimo de condições habitáveis por uma criança enquanto seu pai escravo do vício só pensava em satisfazer suas escolhas na liberdade da rua.
Ele ficou na prisão corporal, vegetativo, o tempo necessário para o pleno restabelecimento do espírito, não saiu de lá enquanto não quitou o último ceitil do débito. Essa foi a pior prisão.
Você, assim, só pode observar, e ainda deu a ele total assistência, fez o papel que lhe coube, não acumulando karmas. Nada pode fazer para mudar aquela situação prisional, ao contrário dele que teve a oportunidade das escolhas e da recuperação.
Agora ele está quite com a Grande Lei, sepultado e em paz. Renascerá limpo e belo.
Você querida sobrinha o amou com toda a compaixão de uma filha, terminou sua missão.
Beijos de Luz.