À Flor-Nobre
Querida Flor-Nobre,
Olho para você com toda prudência, sem malícia, mas com paixão. Só quero ficar entorpecido pelo seu sorriso, tão angelical e profundo; capaz de afastar qualquer maldade oriunda da escuridão. Quando seus lábios se movem para se transformarem em belos sorrisos, surge uma forte luz que enfeita o mais feio, iluminando minha drástica vida. Minha visão fica distorcida quando meus olhos caem sobre ti, pois sou um pingo de horror observando um jardim celestial; talvez seja proibido alguém como eu admirar tamanha magnificência. A beleza do universo pesa sob suas costas; quanto peso não deve levar, não é mesmo? Imagino que todos possíveis; todas as coisas bonitas que os humanos já se depararam e ainda hão por se deparar, orbitam pelo seu corpo e alma. E ainda assim, diante de tamanha beleza divina, mesmo sendo um tolo e miserável, fui agraciado pelo seu toque, cuja delicadeza não me esqueço.
Quando o céu se forra de preto você ganha grande destaque em meus pensamentos;
concentro-me ao máximo para ouvir a melhor melodia de todas: aquela da alma, a sua voz.
Sua beleza contrasta com a minha feiúra. Quando você vai embora acompanho seus passos, é como olhar para o sol poente; à sua ausência só enxergo noites, pois não há mais a sua luz por perto.