Para minha Loreley

Filtrei somente as lembranças afáveis, e estas traçavam-me um sorriso sempre que chegava à memória. Ainda posso sentir a maciez de seu toque. Sua luz era intensa e seu calor podia ser sentido de longe. Sua lágrimas, e se existissem lágrimas naqueles olhos, evaporariam antes de lhe tocar os lábios. Me sentia mais mortal do que nunca, pois acreditava plenamente que não era deste mundo e que se ela se mantesse de pé sobre aquele bosque por algum tempo, flores de todos os tipos brotar-lhe-iam. Os que possuem olhos cegos de pureza jamais enxergariam seu brilho interno. Sobre o inferno de encarar sua beleza sublime, me resta contentar-se com o mistério que sua existência o faz, e vos afirmo que é o bastante degustar do que terceiros julgariam como sendo migalhas, que mesmo de longe, tampouco são amargas e sequer esfriam meu amor fidedigno. Ela pode e deveria fazer tudo a sua maneira, pois era dona daquele mundo, e eu, subjugado, não havia outra escolha a não ser trilhar outro caminho ao qual fui destinado. Tudo equilibrado. A natureza trabalhava em prol de sua majestade.

Bruno da Silva
Enviado por Bruno da Silva em 08/02/2022
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