Retorno
Dois anos se passaram, acredita?
Desde aquela primeira vez, onde tudo iria mudar.
Eu volto agora, levo meus olhos e as percebo, minhas velhas versões. Apresento quem sou agora, digo que tudo sempre vai passar, que dias piores chegaram e foram embora. Que tudo, absolutamente tudo, tem um porquê. E essas inocentes partes de quem fui me encaram espantadas, porque no espaço de tempo que vivem não existem essas possibilidades de pensamento, ainda não estão prontas.
A verdade é que não é elas que são imaturas demais, mas sim essa eu que agora entende, ela sobreviveu porque outras precisaram morrer.
Eu sou a dor e a alegria de quem já fui. E tenho o orgulho de ser quem elas não puderam ser na época. Sou o resultado do tempo que passou, a equação resolvida.
Até que deixo de ser, e me torno o enigma que precisa de solução. Me torno outra brecha no tempo, outra interrogação, outro ponto a queimar para renascer.
Viver intensamente essa versão, até que outra tome seu lugar e assim como deixo de ser quem sou, me torno cada dia mais próxima de quem desejo ser.