Carta ao Manuel Maria de REMOL - 47 - "Verbas para Celso Emilio Ferreiro"
Ó, Manuel, companheiro, camarada, feliz e doente
perante a situação colonial da Galiza, então Reino,
pai-mãe de dous filhos-filhas rebeldes, revoltadas,
revoltados: primeiro, Castela; depois, Portugal ...
Mas hoje a história está escrita por ambos os idos,
tristemente distorcida, como se a Galiza, sua mãe-pai
nunca os tivesse parido-engendrado ... Galiza, para esses
dous filhos falsários, filhas de perdição, não existe ...
Colocaram-na numa longo noite de pedra, como
intitulara Celso Emílio, "companheiro, irmão na poesia",
o seu melhor poemário ...
(Continuarei. Agora tenho de me ausentar. Ciao, recantistas!)
...
Voltei e afirmo: Foi longa noite de pedra a ditadura franquista
que Celso Emílio denunciou em poemário desse título
noturno e pedregoso, mas hoje, já sem ditadura oficial,
pode o "Reino del Bourbon" apresentar-se como democracia
"plena" que pregam as autoridades competentes? Manuel,
bem o entendeste e lirizaste: "Tu, Celso Emílio, vieste
para nos dizer que os sonhos e os pássaros são irmãos,
vieste para trazer um facho de esperança que nos guie,
para dizer "não" àqueles que fazem da injustiça uma
bandeira; para erguer um lar, pedra a pedra, com
paredes, com muros de amor, de moral e lealdade." (p. 107)