Carta ao Manuel Maria de REMOL - 39 - "O cancro"

Perante tal ameaça definitiva, se for para mim, Manuel,

prefiro ler lento, pausado, como agonizante de palavras,

o teu poema e, passado um tempo, replicá-lo. Justamente

porque, como poetizas nos versos primeiros, a nossa vida

foi, dizes, é, digo, laio envolvido na névoa, de velho, foi, é,

queixa, bruído de chuva e vendo, báguas da noite,

a invocarmos luz no escuro, esperança no tempo ...

Eu sofri cancro, extirpado doze anos atrás ... Também a minha ...