Carta ao Manuel Maria de REMOL - 35 - "Ollos de nenos"
Manuel, indagas e descobres nos olhos dos meninos
espaços infinitos e azuis ou verdes ou pretos
ou inclusivamente cinzentos, com a cor do fogo,
precocemente matado, dissolvido, apagado , extinto:
Olhos azuis de céu e mar,
Olhos mouros de noite, de chuva, de vento invernal,
Olhos verdes de memórias das camélias,
Olhos cinzentos de borralha e de tristezas consumidas,
Olhos pardos de montes ermos, de penedias rigorosas,
Manuel, só os olhos? Só dos meninos?
Só dos condenados a emigrar?
Esses, inocentes, ingénuos,
que mesmo agradecem às autoridades do Bourbon
tê-los reduzido à escravatura da migração interior ...